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Fundação Estadual do Meio Ambiente - FEAM

Incêndios florestais e queimadas aumentam a incidência de doenças respiratórias

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Os incêndios florestais, criminosos ou não, e as queimadas, feitas por pequenos produtores com o objetivo de limpar uma área para um novo cultivo, fazer pastagem ou facilitar a colheita da cana-de-açúcar, feitas sem autorização do órgão competente, além de causarem enorme dano ambiental, são também nocivas à saúde humana.

De acordo com a Dra. Ana Cristina de Carvalho Sermández Fonseca, pneumologista pediátrica da Secretaria de Saúde de Belo Horizonte, pessoas que são expostas constantemente à fumaça podem desenvolver, em longo prazo, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC).

“Além disso, pessoas que já tem uma predisposição genética para asma ou rinite alérgica, quando expostas à fumaça, seja por queimadas ou outro tipo, podem desencadear os sintomas de falta de ar, cansaço, tosse, e a partir daí manifestarem a doença com toda sua sintomatologia” afirma a médica.

A pneumologista explica, ainda, que todas as faixas etárias estão susceptíveis às consequências de queimadas, mas que nos bebês, devido à estrutura do pulmão, que ainda esta em desenvolvimento, facilita o risco de broncoespasmo (chiado no peito e dificuldade pra respirar).

“Nas crianças que já apresentam quadro de asma ou rinite alérgica, as queimadas são fatores que desencadeiam as crises e com isso aumentam a demanda nos serviços de saúde. Devemos lembrar que no nosso meio a prevalência de asma na faixa etária de 0 a 14 anos é em torno de 25% e a rinite chega até a 30% dessa população”, esclarece a pneumologista.

 

Ações de combate ao incêndio

 

De janeiro deste ano até agora, já foram registrados 147 focos de incêndios nas Unidades de Conservação (UC) de Minas Gerais.

Esta época do ano, chamado de período seco (junho a novembro), em que as chuvas são mais escassas, favorece a propagação do fogo.

“Além de atuarmos no combate dos focos de incêndios nas UCs, trabalhamos também com ações de educação ambiental, com blitz educativas, que geralmente acontecem nas margens das rodovias que ficam próximas às UCs”, conta o diretor de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais e Eventos Críticos da Secretaria de Estado de Minas Gerais (Semad), Rodrigo Belo.

As blitz são uma iniciativa do Programa de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais do Estado (Previncêndio) e do Instituto Estadual de Florestas (IEF) em parcerias com várias outras entidades como Polícia Rodoviária Federal (PRF), Corpo de Bombeiros Militar, Polícia Militar Ambiental, entre outras.

O diretor enfatiza que a prevenção é tão importante quanto o combate. “As pessoas precisam ser orientadas a não jogar pontas de cigarro ao longo das estradas, bem como não colocar fogo nas margens de rodovias, tomar cuidado com restos de fogueira, não queimar lixo, não fazer queimadas sem autorização e denunciar qualquer ação suspeita que possa provocar risco de incêndio florestal”, acrescenta.

Durante o período seco há ainda um fenômeno atmosférico que, quando combinado com as queimadas ou incêndio florestais, faz as doenças respiratórias aumentarem ainda mais. É a chamada inversão térmica.

Doenças respiratórias, irritação nos olhos e intoxicações são algumas das consequências da concentração de poluentes na camada de ar próxima ao solo.

 

Inversão térmica

A inversão térmica ocorre quando há uma mudança abrupta de temperatura devido à inversão das camadas de ar frias e quentes.

A camada de ar fria, por ser mais pesada, acaba descendo e ficando numa região próxima à superfície terrestre, que foi aquecida pelo sol pela manhã.

Ou seja, a camada fria, que deveria ficar na parte superior troca de lugar com a camada quente, que deveria ficar na parte inferior, por isso o nome inversão térmica.

“A inversão térmica cria uma camada que forma uma espécie de ‘tampa de panela’, fazendo a poluição ficar presa dentro dessa panela, não dispersando”, explica o gerente de Qualidade do Ar e Emissões da Feam, Flávio Daniel Ferreira.

O gerente explica que o fenômeno climático pode ocorrer em qualquer dia do ano, porém, é no inverno que ele é mais comum e visível. “Nesta época do ano as chuvas são raras, o que dificulta ainda mais a dispersão dos poluentes”, acrescenta.

A inversão térmica, como foi dito acima, ocorre com maior incidência no inverno, período seco, e as queimadas e incêndios florestais também se proliferam mais nessa época do ano. O fenômeno climático dificulta a dispersão dos poluentes, que ficam retidos entre as duas camadas. As queimadas, por sua vez, agravam ainda mais esse problema.

Nas grandes cidades, podemos observar no horizonte, a olho nu, uma camada de cor cinza avermelhada formada pelos poluentes. Estes são resultados provocados, principalmente, pela queima de combustíveis como gasolina e diesel e pelas queimadas.

Como a inversão térmica é um fenômeno climático, não temos como evitá-la, mas há medidas para minimizá-la, como a redução das queimadas e os incêndios florestais, que são provocados pela ação humana.

 

Monitoramento da qualidade do ar

A Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) faz o monitoramento da qualidade do ar na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) – eixo Belo Horizonte, Contagem e Betim.

“A rede de monitoramento do Estado, principalmente nessa época do ano, vem registrando o aumento das concentrações de material particulado no ar, sendo as principais fontes as queimadas, sejam elas em pequena ou grande escala”, conta o gerente da Feam.

A Fundação monitora uma rede constituída de oito estações automáticas. Além disso, existem outras 17 estações automáticas instaladas em outros seis municípios de Minas Gerais que monitoram a qualidade do ar e transmitem os dados em tempo real para a Feam.

Os dados das medições são transmitidos por rede telefônica ou internet, em tempo real, a uma central instalada na sede da Feam e os resultados são disponibilizados, no boletim da Qualidade do Ar, diariamente no site da Fundação.

 

Força Tarefa Previncêndio

A Força Tarefa Previncêndio (FTP) foi instituída por um Decreto Estadual em 2012, com o objetivo de combater os incêndios florestais nas unidades de conservação do Estado.

A FTP é formada pelas Polícias Militar e Civil, Corpo de Bombeiros Militar, Coordenadoria Estadual de Defesa Civil, IEF e Semad. Além destas instituições a Força Tarefa conta com o apoio de combatentes e apoiadores.

Em 2015 foram abertas 408 vagas para contratação temporária de brigadistas, aproximadamente 20% a mais que em 2014. Os brigadistas estão distribuídos em 44 unidades de conservação estaduais. Além disso, existem em todo o Estado cerca de 3 mil pessoas que receberam capacitação do Sistema Estadual de Meio Ambiente (Sisema) para atuarem como brigadistas voluntários.

O Sisema conta, também, com três aviões para monitoramento e transporte de pessoal, além da previsão de contratação de até 10 aviões Air Tractor para lançamento de água, com capacidade de 1,5, 2,3 a 3 mil litros.

Para apoio das aeronaves são utilizadas duas unidades móveis de abastecimento aéreo com capacidade para 1,5 mil litros e outras duas de armazenamento de combustível com capacidade para 23 mil litros. São utilizados ainda caminhonetes, veículos utilitários e outros menores.

O Sisema também possui convênio com a Polícia Militar de Meio Ambiente (PMMG) para manutenção, pilotagem e gerenciamento das aeronaves da Semad e utilização das aeronaves da instituição. Além disso, conta com a possibilidade de utilização de helicópteros da Polícia Civil e do Corpo de Bombeiros, de acordo com a demanda e disponibilidade.

 

Ascom/Sisema
Janice Drumond

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