Foto: Guilherme Paranaiba
Seminário de 2019 terminou com simulado de acidente ambiental com derramamento de óleo diesel. Evento deste ano acontece pela internet
Mais de 400 pessoas participaram simultaneamente do primeiro dia do 11º Seminário de Emergência Ambiental, organizado pela Comissão Estadual de Prevenção, Preparação e Resposta Rápida a Emergências Ambientais com Produtos Perigosos (CE P2R2 Minas), que é presidida pela Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam). O evento, que esse ano foi realizado online em razão da pandemia de coronavírus, trouxe o tema “Gerenciamento de Riscos à Saúde e ao Meio Ambiente em Tempos de Pandemia”. Os palestrantes do primeiro dia abordaram os temas gerais ligados às emergências ambientais, como o mapa dos acidentes ambientais em Minas Gerais; a prevenção às ocorrências com amônia; os riscos para a saúde gerados a partir das emergências e também falaram sobre os riscos sanitários da Covid-19.
O Webinar foi aberto pela diretora de Instrumentos de Gestão e Planejamento Ambiental da Feam, que também é presidente da Comissão Estadual P2R2 Minas, Patrícia Rocha Maciel Fernandes. Ela destacou as 70 reuniões que já aconteceram desde que a comissão foi criada, em 2009; as reuniões em câmaras técnicas específicas; o primeiro Seminário de Emergência Ambiental Regional, realizado em outubro de 2019 em Uberaba, e ainda lembrou do seminário anual do ano passado, que teve um simulado de derramamento de óleo diesel em via pública ao lado da Cidade Administrativa, em Belo Horizonte, como conclusão do evento.
Segundo Patrícia, trazer as discussões sobre o coronavírus no contexto da emergência ambiental é mais um diferencial do trabalho da CE P2R2 Minas. “O novo cenário que vivemos agrega mais um fator de risco a ser gerenciado, dentre os mais diversos já envolvidos na prevenção e resposta às emergências relativas aos riscos tecnológicos ambientais. Isso produz mais um desafio para o Estado no cumprimento de sua função social”, diz ela.
Antes da abertura das palestras, o presidente da Feam, Renato Teixeira Brandão, e o secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Germano Vieira, também deram as boas vindas e destacaram a importância de se estar atento aos cuidados de saúde para que as emergências ambientais não sejam potencializadas pela circulação do coronavírus. “O tema central relacionado ao coronavírus é muito oportuno para que possamos saber gerenciar os riscos nesse momento de pandemia”, disse o secretário. “Esse cenário da pandemia traz novos desafios, e precisamos sempre prezar pela segurança das pessoas que estão participando dos atendimentos da emergência ambiental”, acrescentou o presidente da Feam.
A primeira palestra apresentada foi sobre o mapa dos acidentes ambientais em Minas Gerais, ministrada pela coordenador do Núcleo de Emergência Ambiental (NEA) da Feam, Edilson José Maia Coelho. Ele mostrou que o NEA foi comunicado sobre 486 ocorrências em 2019, com 76% dos casos relacionados ao transporte rodoviário e 11% em instalações industriais, sendo os dois predominantes. No caso da indústria, destaque para acidentes envolvendo o produto amônia, que motivou a segunda apresentação do dia.
Os consultores Manuel Santos Dubra e Ângelo Inácio dos Santos Júnior falaram sobre prevenção e resposta às emergências ambientais com vazamento de amônia, destacando regras, cuidados, forma de agir, vestimentas, entre outros inúmeros detalhes importantes que as empresas devem se atentar quando trabalham com esse produto. “Nenhuma substância é tão perigosa que não possa ser manuseada com segurança. Mas, para isso, precisamos conhecer e respeitar as regras estabelecidas para sua manutenção”, diz Ângelo.
A apresentação dos dois foi complementada pela fala da referência técnica da Coordenação de Vigilância de Doenças e Agravos Não Transmissíveis da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES/MG), Sandra Regina Soares Moreno de Souza. Ela abordou especialmente como os desastres causados por fatores como os acidentes ambientais com produtos perigosos podem impactar a saúde pública, destacando a possibilidade de mortes, invalidez, ferimentos e intoxicações agudas e crônicas. Também ressaltou que a saúde pública pode ser penalizada a partir da contaminação de água, solo e ar, e mencionou os prejuízos disso.
Ao final das apresentações, palestrantes responderam perguntas do público
PREOCUPAÇÃO COM O CORONAVÍRUS
A palestra da referência técnica da SES/MG também teve o foco voltado para a saúde dos trabalhadores que atuam com produtos que podem gerar emergências ambientais em caso de acidente durante a pandemia de coronavírus. Sandra de Souza abordou especialmente a condição dos caminhoneiros, figura central diretamente impactada pela maioria dos acidentes ambientais de 2019, segundo o NEA.
“Durante o período de pandemia, é importante que todos os trabalhadores adotem medidas preventivas, principalmente os motoristas que circulam pelas cidades expostos ao risco, como forma de evitar a transmissão do coronavírus e garantir sua segurança”, diz ela. Sandra ainda apresentou uma lista de cuidados que os caminhoneiros devem tomar para evitar problemas, como o agendamento de horários de entregas, para distribuir o fluxo de pessoas e evitar aglomerações, evitar tocar objetos de uso coletivo em pontos de parada, higienizar as mãos com frequência, evitar tocar boca, nariz e o rosto com as mãos, entre outros cuidados.
Ela também indicou o aplicativo Saúde Digital MG para aquele caminhoneiro que apresente algum sintoma respiratório ou febre, recomendou evitar contato com colegas e outras pessoas, não tomar remédios por conta própria e comunicar imediatamente a empresa e família sobre a situação. Manter o caminhão arejado também é uma medida importante, segundo a servidora da SES/MG.
O primeiro dia de palestras foi concluído com a apresentação da coordenadora das câmaras técnicas de Resíduos Sólidos e Saúde Ambiental da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária, Roseane Maria Garcia Lopes de Souza. Ela falou sobre riscos sanitários da Covid-19 e deu um panorama completo da doença desde que o novo coronavírus foi descoberto. Entre outros assuntos, ela também abordou as recomendações para a gestão de resíduos durante a pandemia de Covid-19.
Após a conclusão das apresentações, os palestrantes responderam perguntas feitas pelo público, com mediação do Mário Parreiras de Faria, que é auditor fiscal do trabalho da Superintendência Regional do Trabalho em Minas Gerais. A íntegra do primeiro dia de seminário está disponível no link abaixo. A programação dessa quarta-feira (24/06) também está disponível no final deste texto.
Clique aqui para assistir ao primeiro dia do Seminário de Emergência Ambiental
Confira a programação de quarta-feira (24/06)
10h - Acesso dos participantes e abertura do evento
10h10 - Aspectos Técnicos e Criminais da Lei nº 22805/2017 e do Decreto nº 47.629/2019 no Contexto das Emergências Ambientais
Palestrante: Rodrigo Henrique Alves (Polícia Civil de Minas Gerais)
10h35 - Programa de Gerenciamento de Riscos para a BR-381 no trecho em duplicação no Estado de Minas Gerais
Palestrante: Bertoldo Silva Costa (MPB Engenharia Ltda)
11h00 - A gestão e a redução dos riscos de acidentes ambientais em situação de pandemia: boas práticas adotadas pelas transportadoras
Palestrantes: Sérgio Sukadolnick (Grupo Cesari) e Antônio Augusto Andrade Lodi (Transportadora Andrade Ltda)
11h30 – Debate
Mediadora: Juliana de Oliveira Soares (Federação das Empresas de Transportes de Cargas do Estado de Minas Gerais e Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas e Logística de Minas Gerais).
Guilherme Paranaiba
Ascom/Sisema
