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Fundação Estadual do Meio Ambiente - FEAM

Mineiros conhecem modelo chinês de economia circular na mineração

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Reproduzir em Minas Gerais o exemplo chinês no reaproveitamento de rejeitos de mineração, que movimenta segmentos da indústria como a de construção civil, foi um dos temas abordados nesta terça-feira, 04 de novembro, durante o Seminário “Reaproveitamento de Rejeitos de Mineração e Economia Circular”. O país da Ásia já reutiliza cerca de 20% do que sobra da atividade da mineração e a adaptação desse modelo para o Estado de Minas Gerais foi discutida durante o segundo dia de debates.

 

Os participantes do seminário conheceram aspectos do trabalho que vem sendo desenvolvido na China, país que mais tem avançado no reaproveitamento de resíduos da atividade de produção minerária. A ideia de realizar o Seminário surgiu da visita de uma delegação mineira ao país, ainda em 2018, para conhecer as tecnologias empregadas.
 
Para apresentar o conceito de economia circular aplicado aos rejeitos de mineração na China, o consultor George Liu descreveu o modelo tradicional como algo linear. Segundo ele, na maioria dos países, o tripé adotado é o do “take, make and dispose” (retirar, transformar e depositar), segundo o qual retira-se da natureza, transforma-se a matéria prima e abandona-se o rejeito, descartando-o. No país da Ásia, foram produzidos 2,3 bilhões de toneladas de rejeitos em 2015, nos locais de extração dos 20 principais minerais do país.
 
“O modelo de economia atual, linear, de retirada da natureza, transformação e descarte é baseado em dois pilares para funcionar bem: recursos infinitos e capacidade regenerativa da Terra”, afirma o engenheiro de minas formado pela Universidade Federal de Minas Gerais. “No passado, com a população menor e com os espaços menos ocupados, o conceito funcionava”, completa.
 
A proposta da China de economia circular envolve um conceito mais amplo, com planejamento minucioso, no qual o Estado tem o papel de estimular a economia circular. “O país gastou tempo e esforço diagnosticando e medindo o tamanho do problema e desenvolveu indicadores para medir o volume dos descartes das minas chinesas”, afirma George Liu, que já trabalhou no Canadá, China e Mongólia.
 
BRASIL

 

Também se debruçando sobre a experiência chinesa, a engenheira da Samarco, Alessandra Prata de Almeida, relatou a investida da empresa brasileira que buscava caminhos próprios para o reaproveitamento de resíduos. “O país (China) tem dados detalhados e antigos sobre a produção mineral, o que os dá capacidade para estabelecer metas”, afirma.

 
“Desde 1998 é possível conseguir informações sobre marcas e patentes e em visitas às universidades do país encontramos publicações de 2002 sobre rejeitos de mineração”, observa. Ela destaca ainda o trabalho conjunto entre academia, governo e indústria no país asiático, que sempre andam lado a lado.
 
Alessandra de Almeida observa que a Fundação Renova tem a proposta de estimular o surgimento de uma indústria que aproveite os rejeitos de mineração na bacia do Rio Doce. A entidade cuida da restauração da região atingida pelos efeitos do rompimento da barragem de Fundão em 2015, em Mariana. “É importante utilizar os espaços, sem criar uma concorrência desleal com a economia já existente na região”, explica.
 

Outra empresa importante no cenário internacional da mineração, a Vale S.A. também está atenta à tendência da economia circular na mineração e já busca formas de se inserir no modelo. A engenheira de minas da organização, Laís Resende, observa que o trabalho representa sair de um mundo industrial para o que ela chama de exponencial.
 
“O conceito funcionará quando se trouxer mais parceiros para a proposta, o que quer dizer outros segmentos de produção e o envolvimento de universidades”, observa. Segundo ela, a análise dos minérios indica diferentes tipos de aplicação dos rejeitos, da mesma forma que o método de beneficiamento indica a utilização dos minérios.
 
Entre as aplicações de uso dos rejeitos, Laís Resende cita a agricultura, a pavimentação e a produção de ladrilhos. No modelo de negócios também devem ser considerados os aspectos logísticos e de produção. “Não existem soluções únicas”, afirma. “O fato é que a China já conseguiu criar um ecossistema de parcerias, a Austrália já está interessada, bem como os Estados Unidos”, completa.

 

O seminário “Reaproveitamento de Rejeitos de Mineração e Economia Circular” foi promovido pelo Governo de Minas - por meio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) e da Fundação Estadual de Meio Ambiente(Feam) – em parceria com o Sindicato das Indústrias Extrativistas de Minas Gerais (Sindiextra).


Emerson Gomes
Ascom/Sisema

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