A separação de materiais recicláveis dos não-recicláveis, método simples e eficiente, foi a alternativa encontrada pelo Edifício Metropólis, no bairro Luxemburgo, e no Edifício Itapoã, em Lourdes. Para incentivar iniciativas semelhantes, a Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM) em parceria com o Ambiente Brasil Centro de Estudos por meio do Programa Ambientação promoveu, no Centro Mineiro de Referência em Resíduos, nos dias 15, 19 e 20 de outubro, a segunda edição do curso Coleta Seletiva em Condomínios.
Com 19 andares e dois apartamentos por andar, moradores do Metrópolis começaram a coleta em 2007, iniciativa proposta em reunião de condomínio pela moradora e analista ambiental Rosana Franco, funcionária da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam). Foram dispostos coletores de recicláveis e não-recicláveis em cada andar e passaram a fazer o recolhimento duas vezes ao dia.
A síndica Marilúcia de Oliveira Carvalho explica que os moradores acharam a idéia ótima, mas nem todos limpam as embalagens. “O resultado é que, às vezes, o cheiro fica ruim”, explica. Rosana Franco, que foi síndica na época da implantação, admite que o descarte ocasionalmente é feito de forma errada. “Eu acho que é uma iniciativa pontual, mas faz muita diferença. A proposta foi muito bem aceita e uma vez ou outra alguém descarta de forma errada, o zelador conversa”, disse.
O Edifício Metrópolis, além da coleta seletiva, faz também o recolhimento do óleo usado. Há cerca de um ano, foi instalada uma bombona na área comum do condomínio e cada morador despeja o seu óleo. O próximo passo, anuncia Rosana Franco, é fazer uma oficina para treinamento dos empregados que trabalham nos apartamentos.
Fonte de renda
“Choro ao passar pelas ruas da minha cidade e ver nas caçambas e lixeiras a quantidade de material reciclável jogado fora”, lamenta Marita Maria Luiza Bertozzi Dinelli, moradora do Edifício Itapoã, Zona Sul da capital. O edifício, de 77 apartamentos, iniciou a separação do lixo há sete anos. Incansável, Dona Marita lembra que chegou a separar sozinha os materiais recicláveis.
Ciente da importância da reciclagem como fonte de renda para os catadores, ela cria frases e prega cartazes nas paredes do prédio, para estimular a adesão de vizinhos: “Reciclar é um ato de amor”. Ou ainda: “Reciclado vira pão e lixo vira pó”. O material do edifício é recolhido todas as quartas-feiras pela Asmare.
Para o engenheiro ambiental da Asmare, Diogo Tunes Álvares da Silva, o material recolhido no Edifício Itapoã é um dos melhores. “O condomínio é grande, teve muita adesão dos moradores e, como eles lavam as embalagens, o aproveitamento pela associação é maior”, explica.
Ele esclarece que a quase totalidade dos parceiros da Asmare é de voluntários, que implantam a coleta seletiva em empresas e condomínios, e que a própria prefeitura, quando não faz o recolhimento naquela região, indica a associação. Atualmente, a Asmare faz o recolhimento em 100 agências bancárias, 450 condomínios e 350 instituições do setor público e privado. Diogo Silva informa que nos condomínios predominam os plásticos, embalagens de alimentos e de material de limpeza.
Curso para condôminos
A consultora ambiental e palestrante do curso “Coleta Seletiva em Condomínios”, Ania Maria Nunes Glória, informa que a aula mostrou passo a passo como implantar a coleta nos condomínios. O curso, realizado em três dias diferentes, contou com 30 pessoas em cada turma e para surpresa da coordenadora, havia muitos professores, estudantes e engenheiros interessados. “É um curso pé-no-chão para quem quer implantar a coleta seletiva em sua casa, em seu edifício”, concluiu.
Atitudes como a de Dona Marita, que desencadeou um processo de comunicação para convencer os moradores a aderirem, são fundamentais. Na fase preparatória, a dica é montar uma equipe, capacitar os envolvidos e conhecer a realidade do prédio. O passo seguinte é a implantação de coletores e disseminação das informações sobre os procedimentos da coleta. O monitoramento e a avaliação do processo devem ser constantes.
Ela avalia que a opção feita pelos dois edifícios de Belo Horizonte é realmente a alternativa mais fácil e viável: separar os recicláveis dos não recicláveis, pois implicam em menor gasto com equipamentos e menor dificuldade para o morador aderir. Ela pondera que a lavagem do material favorece e facilita para os catadores, mas faz uma advertência. “Guardar o material sujo pode provocar o aparecimento de insetos, já que o recolhimento é feito semanalmente. Mas o risco é desperdiçar água na reciclagem”.
Para aqueles que optarem por vender o material reciclado diretamente para uma empresa, Ania Glória informa que a renda de um prédio de 50 apartamento, ou 185 pessoas, que gera de 1 tonelada e 271 quilos de material reciclado/mês (papel, papelão, plástico, metal e vidro), pode chegar a pouco mais de R$ 7 mil/ ano. Porém, ela alerta que o condomínio teria que ter um funcionário exclusivamente para fazer a separação completa e lavagem dos recicláveis.
Geração de lixo em BH
Belo Horizonte é a sexta cidade mais populosa do país, com quase dois milhões e meio de habitantes e 95% da cidade é atendida pelos serviços de limpeza urbana, sendo que 4.000t/d de resíduos tem o aterro sanitário como destino, e cerca de 25% (1.000t/d) é formado por materiais recicláveis, mas desse total, apenas 1,96% tem a destinação correta que é a reciclagem.
Fonte: CMRR/ Sisema
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