As ações desenvolvidas pela Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam) e pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais (Semad) foram divulgadas pela assessora da Diretoria de Gestão de Resíduos da Feam, Alice Libânia. Para ela, a implantação da coleta seletiva pelos municípios é um desafio e um instrumento essencial para que as metas de disposição adequada de rejeitos sejam alcançadas até 2014.
A assessora exibiu alguns resultados do Projeto Estratégico Redução e Valorização de Resíduos desenvolvido pela Feam. Já foi concluído o diagnóstico de 56 organizações de catadores de material reciclável, das quais 18 estão recebendo assistência técnica para elaboração do plano de gestão, além da capacitação de gestores. “A meta é capacitar essas organizações e garantir que 57 mil toneladas de material sejam destinadas à reciclagem até o final de 2013”, disse.
Alice Libânia apresentou também o Plano Estadual de Coleta Seletiva de Minas Gerais, que, por meio da Deliberação Normativa 172/2011, estabelece critérios, diretrizes e estratégias de apoio aos municípios na implantação ou ampliação da coleta seletiva. Além disso, a DN incentiva a inclusão sócio produtiva dos catadores de materiais recicláveis e o fortalecimento dos instrumentos determinados pelas políticas de resíduos sólidos.
Evolução da Coleta Seletiva com a Inclusão Social dos Catadores – O diretor Executivo do CMRR, José Aparecido Gonçalves, apresentou um panorama da situação dos catadores em Minas Gerais. Segundo ele, estima-se que existam de 500 a 800 mil pessoas no trabalho de catação no país. “Grande parte desses catadores, hoje, estão organizados em associações e cooperativas, mas ainda existe muita exploração no processo de trabalho realizado por eles”, afirmou.
Para o diretor Executivo do CMRR os catadores são os grandes heróis no contexto do
desenvolvimento sustentável das cidades
O diretor executivo ressaltou que o avanço alcançado pela categoria se firmou a partir da criação do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis, quando passaram a ser protagonistas, promovendo a articulação em todas as regiões do Brasil.
De acordo com José Aparecido, em 20 anos de atuação, Minas Gerais saiu de 1 para 125 organizações cadastradas no Estado. “Das 125, 59 organizações foram aprovadas e poderão receber recursos do bolsa reciclagem”. Ainda de acordo com ele, as 54 organizações produziram 7 mil toneladas de material em um trimestre. “Os catadores são os grandes heróis no contexto do desenvolvimento sustentável das cidades”, ressaltou.
A presidente da Cooperativa dos Catadores de Materiais Recicláveis de Itaúna (Coopert), Madalena Rodrigues Duarte, falou da experiência no município de Itaúna desde 1999, quando a Coopert foi criada. “Tivemos uma transformação de vida, além de contribuirmos para o crescimento do município por meio do nosso trabalho”, disse.
Madalena Rodrigues Duarte falou da experiência no município de Itaúna quando a Coopert foi criada
Segundo Madalena a cooperativa trabalha hoje com 62 associados, fazendo a seleção de cerca de 250 toneladas/mês de resíduos, que vão para comercialização. “Queremos sobreviver do nosso trabalho, fazer a diferença e sermos reconhecidos como contribuintes para uma sociedade melhor”, frisou.
A experiência Japonesa na Coleta Seletiva – O trabalho de coleta seletiva realizado no município de Kitakyushu no Japão foi apresentado pelo representante do Centro Asiático para a Sociedade de Baixo Carbono, Yasumitsu Kondou. Dados apresentados por ele mostram que os resíduos sólidos urbanos em Kitakyushu são separados em quatro grupos.
No grupo de recicláveis são recolhidos de 13 a 14 materiais diferentes como latas de garrafas, garrafa pet, materiais plásticos e plástico de embalagens. “A própria população separa os materiais em sacolas específicas de lixo, compradas pelos indivíduos”. Yasumitsu relatou que, desde o início do trabalho, em 1990, o hábito de compra dos moradores foi mudando. “Com a adoção desse sistema, as pessoas agora compram pensando em quanto de resíduo aquele produto vai gerar”, afirmou.
O restante do material separado vai para a incineração. As cinzas geradas no processo de incineração, depois de separados os metais, são utilizadas para a fabricação de materiais de construção e asfalto. Além disso, a incineração também gera energia, que é aproveitada para os gastos necessários da fábrica e o restante é enviado para a companhia de energia.