Palestra abordou o uso das águas subterrâneas da mineração
Dando continuidade à programação em comemoração à Semana da Água 2022, organizada pelo Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), foi realizada, na quinta-feira (24/3), edição especial do Sisema ComCiência, com o tema "Águas Subterrâneas”. O destaque foi a oficina ministrada pelo geólogo Antônio Carlos Bertachini, da MDGEO Serviços de Hidrogeologia, sobre o “Uso da Água Subterrânea na Mineração - Erros, Acertos e Expectativas 2022 - 2050”.
Bertachini listou os principais erros e acertos quanto ao uso das águas subterrâneas. Entre os equívocos está o impacto provocado pela Drenagem Ácida de Mina (DAM) – resíduos de mineração oxidados quando entram em contato com ar e água, contaminando, assim, recursos hídricos para o consumo humano.
O especialista citou como exemplo o Rio Tinto, na Espanha, por sua coloração vermelha resultante de uma alta acidez. Bertachini, no entanto, disse que, atualmente, as mineradoras já estão estudando a hidrogeologia dos depósitos de metais desde a fase inicial, para evitar problemas relacionados à drenagem.
“Tem que fazer a maior conservação possível da água superficial, inclusive, promovendo estruturas como o terraceamento em áreas de pastagem e de plantio, além das barraginhas”, disse o geólogo.
Por outro lado, há impactos positivos quanto ao uso de águas subterrâneas da mineração, por elas servirem para abastecer parte de grandes cidades. Bertachini destacou a capital Belo Horizonte e a vizinha Nova Lima neste contexto, além das alemãs Colônia e Dusseldorf. Outro ponto positivo é a descoberta do potencial de água subterrânea para distintos usos, principalmente nos aquíferos, associados aos minérios constituídos pelos óxidos ferros, manganês e nióbio.
Futuro
Entre 2022 e 2050, Bertachini projeta o fechamento de minas, chamando a atenção para a qualidade das águas quando houver o encerramento de atividades, para não colocar em risco a quantidade de recursos hídricos disponíveis. Além disso, o especialista prevê que haja estudos hidrogeológicos para descomissionamento em barragens de rejeito e o uso de cavas como estruturas para abastecimento de água. Neste último ponto, no entanto, o geólogo pediu atenção.
“Você pode perfeitamente usar a cava para estocar água, mas a cava tem que ser preparada com isso, pois o nível pode oscilar e ter problema na estabilidade dos taludes. Na Europa é muito comum a estocagem de água em cavas subterrâneas e a céu aberto”, explicou.
Por fim, o especialista chamou a atenção para a necessidade de concentrar esforços na exploração de metais como cobre, níquel e zinco, visto que são fundamentais para tecnologias do futuro, como carros elétricos e geração de energia fotovoltaica. Além disso, Bertachini defendeu um investimento ainda maior na capacitação dos técnicos dos órgãos gestores, tanto ao nível federal quanto estadual, para o futuro.
“Vamos começar a produzir carros elétricos, vai ter que produzir muito cobre, níquel e lítio. É necessário ter quadros (de técnicos) bem formados, com carreira definida", concluiu.
Semana da Água
A edição especial do Sisema ComCiência também contou com a participação de Daniel Pimenta, hidrogeólogo da Hidropoços, com o tema “Mapeamento Geológico Através da Perfilagem Ótica”. A íntegra das oficinas pode ser conferida por meio do canal do Meio Ambiente Minas Gerais, no YouTube.
A Semana da Água 2022 vai até esta sexta-feira (25/3). Os interessados em participar dos webinários, capacitações e cursos devem realizar inscrição prévia. Clique aqui para acessar a programação completa e realizar a inscrição.
Sisema ComCiência
O Sisema ComCiência é um projeto do Sisema, apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), e teve início em novembro de 2020. A iniciativa, realizada mensalmente, visa a divulgação de trabalhos científicos de relevância para o meio ambiente no estado com convidados escolhidos para apresentar resultados de pesquisas científicas e acadêmicas importantes para a área ambiental de Minas. Em todos os debates há um momento para que, quem está assistindo às palestras, possa esclarecer dúvidas e curiosidades.
Matheus Adler
Ascom/Sisema