Os usos do solo após a derrubada da vegetação também foram identificados. Estudos indicam que 48,9% das áreas desmatadas foram destinadas à pecuária; 21,2% para o reflorestamento (eucalipto e pinus); 11,4% para agricultura; 6,3% para a produção de carvão e 12,4% não tiveram o uso definido.
O primeiro mapeamento, em 2003, é considerado o marco zero no levantamento. Na segunda edição do Mapa, que abrange os anos de 2004 e 2005, foram 152 mil hectares devastados em território mineiro. Este número caiu para 109 mil hectares nos dois anos subseqüentes, o que equivale a 0,1% da área total do Estado. A principal causa da queda na devastação foi a mudança na estratégia da fiscalização. "Passamos a atuar na origem, antes da árvore cair", afirma o diretor-geral do Instituto Estadual de Florestas (IEF), Humberto Candeias.
O Mapeamento integra o Inventário da Flora Nativa e do Reflorestamento de Minas Gerais, que além de fornecer dados quantitativos, a partir de agora, contém dados qualitativos, como os que identificaram novas espécies de árvores da Mata Atlântica.
Diretrizes para fiscalização
O Mapa, uma parceria do IEF e da Universidade Federal de Lavras (Ufla), indica as áreas de maior pressão sobre a cobertura vegetal. Com base nessas informações, detalhadas por municípios, foram selecionadas as áreas para uma fiscalização mais intensa. Foi o que aconteceu nos municípios de Jequitinhonha, Serro e Bonito de Minas, entre outros. "A escolha considerou o mapeamento realizado nos anos de 2004 e 2005", explica Candeias.
"O mapa norteia a política florestal do Estado em relação aos instrumentos de controle, fiscalização e na questão do desenvolvimento florestal, fornecendo diretrizes para investimentos", salienta o diretor geral do IEF.
Áreas de maior pressão
As três maiores áreas contínuas de desmatamento no período 2006/2007, acima de 600 ha, estão localizadas nos municípios de Arinos e Jaíba, regiões de expansão da fronteira agrícola. No Jaíba, o desmatamento coincide com a comercialização dos lotes empresariais. O Projeto Jaíba tem autorização permanente de desmate nesses lotes. "Quem comprou, já entrou desmatando", explica Candeias.
O secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, José Carlos Carvalho, afirma que a substituição da soja e pecuária pela cana-de-açúcar é uma pressão antrópica identificada no Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba. Entretanto, diz que a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa) desenvolve políticas de sustentabilidade para a agroindústria e para a pecuária no Estado.
De acordo com o Secretário de Agricultura, Pecuária e Abstecimento, Gilman Viana, a Secretaria incentiva o programa de integração lavoura-pecuária-florestas como objetivo de recuperar áreas degradas. A técnica é uma opção para o produtor que tem limitações em sua propriedade para o plantio de cana-de-açúcar. Geralmente, em uma propriedade, a área com cana corresponde de 50% a 70% do terreno", informou o secretário. "A redução do ritmo do desmatamento demonstra a consciência e educação do produtor mineiro que percebe o valor do meio ambiente. Não é à toa que Minas tem 33% do seu território coberto com mata nativa", completa Viana.
Inventário Florestal
Composto por sete volumes, o Inventário Florestal traz informações científicas sobre os biomas (Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga), as áreas de ocorrência das espécies e a evolução de crescimento. Identifica os melhores e piores fragmentos florestais e ainda o estoque de carbono disponível, indispensável para o Estado demonstrar, por meio de políticas de preservação, o quanto contribui para combater o efeito estufa.
Além das 20 novas espécies, até então desconhecidas pela comunidade científica, foram encontradas 200 outras espécies cuja ocorrência não havia sido registrada no Estado. São espécies mais raras, como embaúba, catologada somente em Goiás, e a marinzeiro, catalogada em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Bahia. "A gente não sabe o que tem, muito menos para o que serve", afirma o coordenador técnico do Inventário Florestal e pró-reitor da Universidade Federal de Lavras (Ufla), José Roberto Scolforo.
O Inventário servirá para estabelecer estratégias de revegetação, para a identificação de espécies mais apropriadas para as condições locais, para a definição de árvores matrizes destinadas a produção de sementes e de áreas mais apropriadas para o manejo florestal.
Projeto Estruturador
O combate ao desmatamento, via fiscalização, somados aos esforços de recuperação da vegetação nativa do Estado, que em 2007 alcançou o resultado de 5 mil ha recuperados devem elevar ainda mais a área de florestas, cerrado e caatinga no Estado nos próximos anos.
A meta do Projeto Estruturador Conservação do Cerrado e Recuperação da Mata Atlântica para 2008 é atingir 17 mil ha recuperados, 33 mil ha para 2009, e a mesma área para os anos de 2010 e 2011, cada um. A estimativa é ampliar em 0,2% a área com cobertura vegetal nativa em 2011, o equivalente a 120 mil ha de vegetação nativa recuperados.
Queda do desmatamento por município em Minas Gerais
(área devastada em hectares)
Município |
Bioma |
2004/2005 |
2006/2007 |
|
|
|
|
Grão-Mogol |
Cerrado |
6133 |
629 |
Rio Pardo de Minas |
Cerrado e Mata Atlântica |
4574 |
1412 |
Paracatu |
Cerrado |
4261 |
2388 |
Itamarandiba |
Cerrado |
4221 |
2311 |
João Pinheiro |
Cerrado |
4219 |
3429 |
Pompéu |
Cerrado |
3550 |
2897 |
Bonito de Minas |
Cerrado |
3464 |
353 |
Jequitinhonha |
Mata Seca |
3128 |
1098 |
Turmalina |
Cerrado |
2805 |
984 |
Taiobeiras |
Mata Atlântica |
2742 |
899 |
Buritizeiro |
Mata Atlântica |
2688 |
1957 |
Januária |
Cerrado |
2473 |
984 |
Buritis |
Cerrado |
2392 |
703 |
Fonte: Mapeamento da Cobertura de Vegetação Nativa do Estado de Minas Gerais IEF/UFLA
22/04/2008
Sala de Imprensa / 2º Combio