Durante a solenidade, o secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, José Carlos Carvalho, garantiu que os avanços alcançados pela Meta 2010 só foram possíveis em função de um trabalho de articulação institucional que envolve ações do governo, da sociedade civil e do setor produtivo. “Em 2003, Minas Gerais só tratava 3% do seu esgoto. Hoje, passamos para 18% e chegaremos a 20% ainda no final deste ano, o que significa um aumento de mais de 500% do volume do esgoto tratado em Minas em cinco anos”, informou.
Para o coordenador-geral do Projeto Manuelzão, Apolo Heringer Lisboa, ações na região mais poluída da bacia do rio das Velhas, que corresponde à sua passagem pela Região Metropolitana, são fundamentais para a recuperação de toda a bacia. “A Meta 2010 é o centro de convergência de uma mudança de atitude não é só do governo e dos empresários, mas de todos que vivem na bacia. Nós temos que tomar as atitudes que vão gerar mudanças de comportamento”, ressaltou.
O presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Velhas), Rogério Sepúlveda, destacou a importância social do projeto. “O retorno da navegação, da natação e da presença de peixes no rio das Velhas melhorará a qualidade de vida das comunidades da bacia, mas é preciso coletar e tratar o esgoto, dar um destino adequado ao lixo, o que promoverá um grande desenvolvimento social, ambiental e econômico”, ponderou.
Representando as prefeituras dos 51 municípios da bacia, o prefeito de Santa Luzia, José Raimundo Delgado, ressaltou o esforço desses municípios para cumprir seus compromissos na Meta. “Estamos fazendo nossa parte na Meta, identificando problemas e buscando soluções para que haja crescimento sustentável”, garantiu.
Durante a solenidade, foi também lançado o livro “Projeto Manuelzão: a história da mobilização que começou em torno de um rio”, publicado do Projeto Manuelzão em parceria com o Governo de Minas. O livro conta a história do projeto, que começou há 10 anos a partir do esforço de um grupo de professores do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais e se consolidou como um dos mais importantes projetos de recuperação ambiental no Estado.
Feira Ambiental
Quem visitou a Feira Ambiental da Meta 2010, instalada em Santa Luzia durante as comemorações do Dia Mundial do Meio Ambiente, conheceu as principais ações do Projeto Estruturador ‘Revitalização da Bacia do Rio das Velhas – Meta 2010’. O projeto é coordenado pelo Sistema Estadual de Meio Ambiente (Sisema), em articulação com Comitê da Bacia Hidrográfica (CBH) Velhas, prefeituras municipais da bacia, Copasa, serviços municipais de saneamento, secretarias de Estado, organizações não-governamentais, Projeto Manuelzão, comunidade e empresas. Até 2010, estão previstos investimentos de R$ 1,2 bilhão para a recuperação ambiental da bacia.
Dentre as ações, a secretária executiva da Meta 2010, Myriam Mousinho, destacou a conclusão do conjunto de obras de interceptores implantados com o objetivo de eliminar pontos de lançamento de esgoto in natura no rio. Dentro de dois meses, serão concluídos os interceptores dos bairros Serra, Acaba Mundo e Cercadinho, em Belo Horizonte, num total de 58 km. Com essas obras, praticamente todo o esgoto da Zona Sul da Capital será levado diretamente à Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Arrudas, em Sabará. Também serão concluídos oito quilômetros de interceptores em Venda Nova, com destino à ETE Onça, evitando que o esgoto da região seja lançado no ribeirão Isidoro.
Mousinho destaca ainda a implantação das ETEs na região metropolitana. Já estão em funcionamento a do Arrudas, inaugurada em 2002, e a do Onça, inaugurada em junho de 2006. juntas, as duas estações tratam cerca de 60% do total de esgoto gerado na bacia. Até o final do ano será concluída a ETE Nova Pampulha, em Vespasiano. Com investimento de cerca de R$ 64 milhões da Copasa, as obras de tratamento secundário da ETE Onça estão em andamento e vão elevar o percentual de remoção da poluição de 70% para 92%. A previsão é que fiquem prontas até fevereiro de 2010.
A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), por meio do Projeto Manuelzão, apresentou os resultados das análises de Biomonitoramento do Rio das Velhas. Ele informou que espécies de peixes que só eram encontrados a 300 quilômetros de distância de Belo Horizonte, hoje já são vistas próximas à capital. O projeto conta com 37 pontos de monitoramento ao longo do rio e analisa a qualidade das águas por meio da ocorrência de peixes e macroinvertebrados (insetos aquáticos) no cursos de água. “Com o estudo é possível demonstrar como o lançamento de esgotos in natura prejudica a ocorrência das espécies de peixes e o efeito positivo do início do tratamento de esgoto”, pontuou o presidente do CBH Velhas, Rogério Sepúlveda.
Data: 05/06/08
Fonte: Ascom / Sisema