Fotos: Evandro Rodney
Rio das Velhas é um dos principais afluentes do rio São Francisco
O Governo de Minas, por meio do Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sisema), Polícia Militar do Meio Ambiente e Copasa intensificou, nesta semana, o monitoramento do Córrego Fazenda Velha, na confluência com o Rio das Velhas, que apresentou coloração avermelhada e alta turbidez nos últimos dias. Desde o dia 27 de março, o Sisema vem atuando de forma ostensiva na fiscalização para frear as possíveis causas e mitigar possíveis efeitos ambientais provocados na região.
“Logo que tivemos conhecimento da situação, determinamos um monitoramento enérgico das nossas equipes, o que vem sendo feito com ações efetivas da fiscalização, do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) e da Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam), para acompanhar o caso e tomar as medidas necessárias para controle dos possíveis efeitos na qualidade das águas do Rio das Velhas”, relatou a secretária de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Marília Melo.
O Igam informa que, neste momento, não há nenhuma restrição ao uso da água no local, não sendo necessário cuidados adicionais decorrentes deste evento. Novas diligências foram realizadas nesta semana e os órgãos do Sisema seguem monitorando a situação.
A Copasa realiza o monitoramento frequente da água para abastecimento público da região e reafirma que, atualmente, toda a produção de água na Estação de Tratamento de Água (ETA) do Sistema Rio das Velhas encontra-se dentro dos parâmetros estabelecidos pela Portaria 888/21 do Ministério da Saúde, que determina os padrões de potabilidade e os procedimentos de controle da qualidade de água. Desta forma, neste momento, não há riscos ou restrições para o consumo humano da água tratada pela Copasa.
A captação do Rio das Velhas feita pela Copasa está localizada em Bela Fama, distante 23 Km da foz do Córrego Fazenda Velha.
Intensidade
Na última segunda-feira (10/4), foi realizada fiscalização aérea no local e, no dia 11/4, uma fiscalização terrestre, com a participação de técnicos da Semad e da PM de Meio Ambiente. Nessas novas diligências, foi observado que a CSN vem adotando as medidas de controle indicadas anteriormente, tendo atenuado a coloração avermelhada forte antes verificada.
Também no dia 10/4, o Igam iniciou o monitoramento emergencial em seis pontos: rio das Velhas a montante da foz do Rio Itabirito (BV013); rio das Velhas, logo à montante da confluência com o Córrego Fazenda Velha, em Rio Acima (BV033); Córrego Fazenda Velha (BV039); rio das Velhas a jusante do córrego Fazenda Velha (BV037); rio das Velhas na cidade de Rio Acima (AV210) e rio das Velhas a montante da ETA Bela Fama (BV139). Estão sendo monitorados 20 parâmetros de qualidade de água, diariamente, durante uma semana. A depender dos resultados, a frequência será reavaliada. A partir desses resultados dos pontos de monitoramento da água será possível ter mais precisão na identificação da fonte da turbidez.
Em apoio ao Igam, na última semana a Copasa também realizou a coleta de amostras de água em quatro pontos solicitados pelo órgão. Os resultados dessas análises laboratoriais foram encaminhados nesta quarta-feira (12) ao Instituto e estão em análise, com resultado previsto para semana que vem.
Contexto
No dia 28 de março, foi realizada uma fiscalização conjunta entre equipes da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) e Polícia Militar Ambiental, que constatou teores elevados de manganês, ferro e cobre nas águas, que ocasionaram a turbidez avermelhada, provocados por ação da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). A empresa foi autuada por causar poluição/degradação ambiental e foi determinado que cessasse imediatamente o lançamento do material, além de outras medidas de controle.
Durante a primeira fiscalização realizada, foi observado no local da denúncia, próximo ao Sítio 51, na ponte sobre o Córrego Fazenda Velha, na confluência com o Rio das Velhas, provável presença de precipitado de manganês e/ou finos de minério de Ferro, de coloração avermelhada e de turbidez mais acentuadas que a das águas do Rio das Velhas. Antes do acesso ao local da denúncia, o curso d’água afluente ao Rio das Velhas apresentava cor aparentemente normal, sem turbidez.
Foram vistoriadas as barragens de rejeito e respectivas estruturas auxiliares na Mina do Fernandinho, da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), localizadas a montante do local. A Mina do Fernandinho da CSN não opera atividade de lavra e possui três barragens interligadas: Barragem B2 Auxiliar, Barragem B2 e Barragem Ecológica 1. A Barragem Ecológica 1, que passava por manutenção do canal do vertedouro, estava utilizando tubulações para bombeamento e escoamento da água do seu reservatório para o vertedouro, que, por sua vez, deságua no Córrego Fazenda Velha. Segundo relatos da empresa à equipe de fiscalização, durante as obras estão sendo aplicados floculantes e coagulantes para reduzir a turbidez da água, procedimento que estava visualmente ineficiente.
Diante da constatação de ocorrência de sedimento avermelhado após o vertedouro da Barragem Ecológica 1, foram solicitadas cópias dos relatórios de monitoramento de qualidade da água efluente da estrutura, no qual foi constatado que os teores de manganês, ferro, cobre, cor e demanda bioquímica de oxigênio estavam acima dos padrões de lançamento preconizados em legislação vigente. Por esse motivo, a CSN foi autuada por causar poluição/degradação ambiental, além de ter sido determinado que a empresa cessasse imediatamente o lançamento desse material que estava atingindo o corpo d’água, porém, garantindo a segurança das barragens.
Ainda foram determinadas outras medidas adicionais à empresa, como: apresentar ao Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) os relatórios de monitoramento quali-quantitativo de águas superficiais, subterrâneas e sedimentos dos corpos hídricos na área da mancha de inundação, bem como o mapeamento e os dados brutos, em planilha, do monitoramento realizado; apresentar a Ficha de Segurança de Produtos Químicos (FISPQ) dos produtos utilizados para floculação e a coagulação; intensificar a frequência do monitoramento de água superficial para diário e semanal, reportando ao Igam semanalmente os resultados.