O Governo de Minas iniciou, nesta segunda-feira (23/9), sua participação efetiva na 16ª edição da Semana do Clima de Nova Iorque, nos Estados Unidos, um dos principais eventos da agenda climática mundial. A comitiva mineira, formada pelo vice-governador do Estado, Professor Mateus, e pela secretária de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Marília Melo, falaram sobre transição energética e descarbonização.
Professor Mateus iniciou o dia participando do painel “Promovendo a energia renovável na América Latina: o papel das empresas e dos governos subnacionais”. O debate buscou explorar a participação da iniciativa privada e dos estados no avanço da transição energética no continente.
O vice-governador enfatizou que é importante discutir as políticas de cada fonte de energia para que sejam criadas soluções sustentáveis. Como exemplo, ele citou o fim da vida útil dos painéis de energia fotovoltaica, assunto que precisa ser aprofundado. Ele também defendeu a eletricidade produzida por biomassa e que os governos precisam avançar na parte regulatória da referida matriz energética.
“No que diz respeito à biomassa, há muito preconceito contra a eletricidade produzida por biomassa, mas ela ainda é mais verde do que as outras opções. Portanto, temos de trabalhar na parte regulatória da biomassa usada para produzir eletricidade”, defende o vice-governador.
Outro ponto defendido por Professor Mateus durante o debate foi o uso do etanol como combustível de veículos. Para o vice-governador de Minas, automóveis movidos à eletricidade não são uma realidade para todos na América Latina, portanto, não dá para ter a Europa como exemplo neste ponto. “Carros elétricos ainda não são para todos. Não dá para ir por este caminho. Temos etanol e não dá para acompanhar a Europa em questão de carros elétricos”, afirma.
O discurso vai ao encontro das ações de descarbonização tomadas pelo Governo de Minas. A Cemig, por exemplo, passou a adotar o etanol como principal combustível para a frota leve da companhia. Com a medida, mais de 112 toneladas de CO2 deixaram de ser lançadas na atmosfera apenas no primeiro mês, contribuindo, dessa forma, para a redução das emissões de gases de efeito estufa.
Minas Gerais também está investindo em hidrogênio verde como uma alternativa para reduzir a dependência de combustíveis fósseis. A empresa alemã Neuman & Esser está construindo uma fábrica pioneira na América Latina, com um investimento de R$ 70 milhões. A fábrica de geradores de hidrogênio verde será instalada em Belo Horizonte. A produção inicial será de módulos de 1 a 5 MW2.
Descarbonização do aço
Já a secretária Marília Melo participou do painel “Forjando o futuro: como a ação do setor público pode apoiar a descarbonização do aço para criar um mercado de aço líquido zero”. O debate mostrou políticas públicas ao redor do mundo que estão apoiando a transformação em toda a indústria.
Em Minas, o Plano Estadual de Ação Climática (PLAC-MG) prevê a inserção e ampliação do uso do hidrogênio em processos industriais para a substituição de combustíveis e materiais, em especial na produção siderúrgica. O documento também prega a ampliação do uso do carvão vegetal e biomassa em processos industriais em substituição parcial de agentes redutores fósseis e/ou fonte de combustível.
Marília Melo, no entanto, chamou a atenção para tecnologias que são necessárias para fazer a transformação de energia que irá garantir a descarbonização do mercado do aço. A secretária alertou para os custos envolvidos no processo e que este é o maior desafio para países como o Brasil, reforçando a necessidade de financiamento internacional para que as empresas - sobretudo as pequenas e médias - avancem.
“Temos que pensar em financiamento internacional para ajudá-las a avançar em tecnologia e produção. Isso é muito importante. Se não fizermos isso, causaremos um problema social, já que apenas grandes empresas terão condições de custear as tecnologias necessárias para a transição energética”, disse.
No estado, a indústria do aço já vem adotando iniciativas para se adaptar à descarbonização, como a criação do Centro de Descarbonização Industrial pela ArcelorMittal e a Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) e iniciativas de pesquisa e desenvolvimento por parte das empresas. Além disso, a Usiminas anunciou um plano para reduzir em 15% as emissões de gases de efeito estufa por tonelada de aço até 2030.
Semana do Clima de Nova Iorque
A comitiva do Governo de Minas também protagonizou outros painéis e seguirá participando da Semana do Clima de Nova Iorque ao longo da semana.
A Semana do Clima é um dos principais eventos da agenda climática mundial, organizado pelo Climate Group, em parceria com a Organização das Nações Unidas (ONU). Neste ano, os governos subnacionais estão protagonizando os debates ao lado da iniciativa privada para que, juntos, trabalhem no impulsionamento da transição energética.
Anualmente, a Semana do Clima reúne líderes mundiais e representantes de diversos países e estados nas áreas de negócios, governo, sociedade civil e setor climático.
Matheus Adler
Ascom/Sisema