As formas tradicionais de uso da terra, exemplificadas pela pecuária extensiva, queimadas e plantio em áreas protegidas ou com grande declividade, foram identificadas como problemas que precisam ser trabalhados no entorno do Parque. O Projeto de apoio ao desenvolvimento da Agricultura Familiar e à Sustentabilidade do Meio Rural, apresentado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e denominado "Conhecimentos e saberes locais: inserção social e econômica de produtores de leite de base familiar e quilombolas em ambiente sustentável" foi selecionando e pretende desenvolver ações para minimizar os impactos causados pela ocupação dessas áreas, promovendo o uso sustentável dos recursos naturais.
Para a realização da proposta foram escolhidas 14 comunidades em nove municípios, que têm a produção de leite em pequenas propriedades como principal atividade geradora de emprego e renda. Nos municípios de Lima Duarte, Santana de Garambéu, Santa Rita do Ibitipoca, Pedro Teixeira, Olaria, Ibertioga, Carvalhos, Bocaina de Minas e Alagoa e no quilombola Colônia do Paiol, serão desenvolvidas alternativas de renda, envolvendo atividades agropecuárias (relacionados à produção de leite) e não-agropecuárias (artesanato e turismo rural). Dos dez municípios selecionados, sete estão no entorno do Parque Estadual do Ibitipoca e os outros três no núcleo Mantiqueira II do Corredor Ecológico da Mantiqueira.
A analista ambiental do Instituto Estadual de Florestas, Clarice Silva, comemora a realização do Programa nas comunidades do entorno do Parque. "Nos 34 anos de existência da Unidade de Conservação, esse é o momento em que o Parque poderá efetivamente colher resultados e contribuir para o desenvolvimento das comunidades de seu entorno, graças a parcerias bem feitas e estruturadas", frisa.
Os pesquisadores da Embrapa e coordenadores do projeto, Fabio Homero Diniz e Maria de Fátima Ávila Pires, enfatizam que o foco da pesquisa são as pequenas propriedades de produção de leite, tradicionalmente a principal atividade da região. A idéia é através da utilização de tecnologias em base agroecológicas, tornar estas propriedades mais eficientes, aumentado a produção e melhorando a qualidade de leite, contribuindo assim para manter "o homem no campo" e consequentemente a paisagem rural, atrativo para grande parte dos turistas que frequentam a região.
Com investimento de R$ 182.658,00 provenientes da Embrapa e com duração de três anos, o projeto irá desenvolver ações de gestão do projeto, sistematização e proposição de alternativas agropecuárias e não agropecuárias em base ecológica, inventário de fitoterápicos e disponibilização de alternativas agropecuárias de produção de leite e pasto. O projeto conta ainda com o apoio da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), do Circuito Turístico Serra do Ibitipoca, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Universidade Federal de Juiz de fora (UFJF).