A iniciativa que viabilizou o plantio de árvores por detentos, nas margens de rodovias próximas à cidade começou no dia 22 de novembro. O projeto foi realizado por meio de parceria entre o Escritório de Prioridades Estratégicas; o Sistema Estadual de Meio Ambiente (Sisema), por meio do Instituto Estadual de Florestas (IEF); a Secretaria de Estado e Defesa Social (SEDS) e o Departamento de Estradas e Rodagem de Minas Gerais (DER-MG).
No projeto-piloto estão sendo plantadas 500 mudas de diferentes espécies na estrada que leva à Penitenciária de Teófilo Otoni. Os tipos de árvores foram determinados pelo IEF que também fez a doação das mudas nativas da região, como Ipês Amarelo e Rosa; Urucum e Farinha Seca.
Os 12 presos que participaram do projeto foram avaliados e escolhidos pela Comissão Técnica de Classificação (CTC), na qual foram identificados quais tinham o perfil para trabalhar no projeto. Como era necessária a autorização judicial para que os presos saíssem da unidade prisional, a SEDS articulou junto com a Justiça essa autorização. A Secretaria de Defesa Social também fez o transporte dos presos, emprestou as ferramentas e forneceu as refeições.
Além da doação das mudas, ficou sob responsabilidade do IEF o adubo, o empréstimo das ferramentas e o treinamento dos presos para o plantio. “Em três dias plantamos aproximadamente 200 mudas”, orgulha-se o gerente do Biorna Mata Atlântica do IEF, Marcelo Araki, quem acompanhou de perto o início do trabalho dos presos.
Segundo Araki, a iniciativa que surgiu no Fórum Minas de Ideias Movimento Minas traz grandes benefícios para vários setores da sociedade. Isso porque, se trata de um projeto ambiental de plantar árvores que envolve presos, ajudando-os a aprender uma atividade e os tirando do dia-a-dia do presídio. “Foi escolhida uma equipe de presos bem tranqüila, que se mostrou motivada e interessada com o projeto. Quiseram aprender as técnicas do plantio e fizeram várias perguntas”, comemora Araki.
Oportunidade
Para o agente carcerário, João Germino Santos, que há 24 anos trabalha no ofício, esta é uma excelente oportunidade para que o preso possa aprender uma atividade. “Uma forma de prepará-los para a reintegração na sociedade” acredita. Segundo Santos, o projeto tem sido realizado de uma forma bem tranqüila sem o menor transtorno. “São detentos disciplinados em quem a gente pode confiar”, garantiu.
A utilização da mão de obra prisional foi muito bem vista pelo gerente do IEF na região, Ailton de Souza Neto. Segundo ele, a mão de obra carcerária poderia ser usada, inclusive, dentro dos viveiros do IEF, aumentando a capacidade de produção deste órgão. Ele cita como exemplo, o viveiro que gerencia, onde as mudas são produzidas e que apenas cinco viveristas trabalham. “Precisamos fazer nossas mudas e a capacidade é escassa. Se chegam dez presos, nossa capacidade praticamente dobra”, garante Neto, reforçando que no viveiro da Regional Nordeste do IEF, em Teófilo Otoni, são produzidas apenas mudas nativas que estão em falta no mercado.
De acordo com o diretor da penitenciária de Teófilo Otoni, Ademilson Rodrigues Jardim o projeto trata-se de uma oportunidade de ressocialização dos presos junto a sociedade. “Passam a ter um contato extra muro, fora da unidade prisional”, afirma ele. O diretor lembra, que a medida além de ambientalmente correta ajuda os presos em seu dia a dia. “Quase como uma terapia para eles. Sem falar que a cada três dias de trabalho, os presos descontam um dia em sua pena”, reforça ele, salientando que por isso, apoia projetos dessa natureza.
Os presos também estavam satisfeitos com o programa. De acordo com o preso Célio de Jesus, que pela a primeira vez teve contato com o manuseio de mudas, o projeto trata-se de uma oportunidade para eles. “Ensina uma atividade que poderemos levar para a rua quando sairmos. E sairemos de cabeça erguida”, afirma. Para ele, além do fato de aprender um ofício que poderá ser útil em sua vida, ele também está colaborando com o meio ambiente. “Creio que daqui a dois anos as árvores estarão boas, o que é bom para natureza, os pássaros e a juventude”, observou.
Atualmente, o número de presos na Subsecretaria de Administração Prisional (SUAPI) é 41.669. Desses, 21.119 já foram condenados e estão autorizados a trabalhar. No total, desses presos, 11.356 estão trabalhando, o que representa 54 % dos presos que foram condenados.
Primeiro de muitos
Este foi apenas o primeiro projeto articulado pelo Escritório de Prioridades Estratégias dentro do Movimento Minas. A partir de agora, outras iniciativas colaborativas surgirão levando em conta a experiência realizada em Teófilo Otoni. A proposta é continuar trabalhando em parceria com outros órgãos do Estado, mas também envolver parceiros da sociedade.
Para o empreendedor público do Movimento Minas, Caio Werneck, este foi o projeto piloto que poderá se expandir para diferentes locais. “Tem o intuito de iniciar os trabalhos a partir de boas ideias, experimentando levá-los ao mundo prático. E o Movimento Minas é o programa que tentará articular parcerias e esforços comuns para conseguir concretizá-los”, acredita Werneck, observando que o projeto abre perspectivas para não apenas o plantio de árvores, mas uma aproximação entre os viveiros do IEF e o trabalho de presos para viabilizar o plantio de árvores em nascentes, de reflorestamento em matas nativas ou mesmo da manutenção de viveiros do IEF. “O importante é gerarmos vagas de trabalho no sistema prisional e utilizarmos a mão de obra carcerária em relevantes projetos para a sociedade’, afirma ele.
Ideia nasceu em encontro de notáveis
O projeto de plantio de mudas nas estradas em Teófilo Otoni surgiu na primeira reunião do Fórum Minas de Ideias Movimento Minas, realizado em junho, no Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte. Na ocasião, 21 mineiros dos setores empresarial, ambiental, científico, jurídico, artístico, intelectual, da moda e do esporte debateram e sugeriram soluções para o desenvolvimento de Minas Gerais.
Participaram do encontro Ângelo Machado (ambientalista), Affonso Romano de Sant´Anna (escritor), Carmen Lúcia Costa (Pastoral da Criança), Daniel Castanho (empresário), Eduardo Costa (cientista), Fernando Brant (músico), Gilman Viana (produtor rural), Giovane Gávio (desportista), José Eustáquio Oliveira (ABI-Minas), José Murilo de Carvalho (historiador), Lázaro Luiz Gonzaga (Fecomércio), Olavo Machado Jr. (Fiemg), Otávio Marques de Azevedo (empresário), Robson Andrade (CNI), Ronaldo Fraga (estilista), Ruth Lies Scholte Carvalho (Ministério Público), Samuel Rosa (músico), Terezinha Santos (designer), Wilson Brumer (empresário), Ronaldo Lemos (advogado) e Ziraldo Alves Pinto (cartunista).
O Fórum Minas de Ideias é uma das iniciativas do Movimento Minas, um dos projetos da Gestão para a Cidadania, lema do governo mineiro. O objetivo é permitir e incentivar o cidadão a participar das ações governamentais que vão superar os desafios do desenvolvimento mineiro. Pelo site, www.movimentominas.com.br, a sociedade pode ajudar na construção de um Estado melhor para se viver.
Escritório de Prioridades Estratégicas
No início de 2011, o Governo de Minas deu um ousado passo ao implementar a Gestão para a Cidadania, onde no centro de tudo e de todas as políticas públicas está o cidadão. Nesse novo cenário, com a missão de cooperar com as unidades setoriais para o alcance das metas prioritárias da Gestão para a Cidadania, nasce o Escritório de Prioridades Estratégicas. Com status de Secretaria de Estado, trata-se de um órgão autônomo, ligado diretamente ao governador. Tem como finalidade contribuir para a definição e a execução das prioridades estratégicas do Governo, assumindo papel colaborador junto aos órgãos e entidades da Administração Pública do Poder Executivo. Dentre as competências do Escritório estão a coordenação do Movimento Minas, a produção e publicação do Caderno de Indicadores e a locação e gerência dos empreendedores públicos.
Informações:
Téo Scalioni
Assessoria de Comunicação Social do Escritório de Prioridades Estratégicas
TEL: [31] 3915 0686 | [31] 9272 8793
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