Uma das espécies de canídeos menos conhecida do mundo, o cachorro-vinagre, foi recentemente registrada no Parque Estadual Veredas do Peruaçu, extremo Norte de Minas Gerais. O pequeno animal, parente do lobo-guará e das raposas, pesa aproximadamente 5 kg, vive em grupos familiares, e tem uma dieta estritamente carnívora, alimentando-se principalmente de tatus, pacas e cutias.
Foto: Guilherme Braga Ferreira
O biólogo Guilherme Braga Ferreira, responsável pelo registro e coordenador do projeto desenvolvido pelo Instituto Biotrópicos, comemorou. “Este registro é altamente relevante. Por se tratar de um animal tão raro, qualquer informação é importante. Foram mais de sete anos de busca e, finalmente, conseguimos confirmar a presença do cachorro-vinagre no Peruaçu”, afirma.
Para a gerente de Proteção à Fauna e Flora do Instituto Estadual de Florestas (IEF), Sônia Cordebelle, o reaparecimento do cachorro-vinagre confirma que os programas de monitoramento da fauna devem ser realizados a longo prazo. “Há registro dessa espécie apenas no Parque Nacional Caverna do Peruaçu e no Parque Estadual Veredas do Peruaçu. Existem alguns relatos da presença dela em outras Unidades de Conservação, mas que precisa ser confirmada”, ressalta.
A gerente ressalta que começou em 2010 a parceria entre o Instituto Biotrópicos e o IEF. Os objetivos são diagnosticar e monitorar a biodiversidade na região do Mosaico das Unidades de Conservação do Espinhaço e do Sertão Veredas. “Uma das ações dessa parceria era verificar a presença do cachorro-do-mato-vinagre no Parque Estadual Veredas do Peruaçu”, disse.
Até 1840 esta espécie ainda era desconhecida da ciência. Foi o naturalista dinamarquês Peter Lund quem fez os primeiros relatos científicos sobre o cachorro-vinagre, na região de Lagoa Santa, em Minas Gerais. Depois das observações de Lund, a espécie passou centenas de anos sem ser registrada no estado, chegando a ser considerada extinta.
A degradação dos ecossistemas naturais é a principal ameaça a este animal que consta na lista de espécies ameaçadas de extinção. Neste sentido, Ferreira faz um alerta: “Sabemos que o cachorro-vinagre precisa de grandes áreas naturais para sobreviver. Por isso a redução das áreas de cerrado e veredas na região do Peruaçu traz sérios riscos para a espécie.” O contato com o cachorro-doméstico e a diminuição das populações de animais que servem de alimento para o cachorro-vinagre são outras grandes ameaças à espécie em toda sua área de ocorrência.