Fotos: IEF/Divulgação
Durante o transporte um dos galos-de-campina morreu antes mesmo de chegar ao Cetas, devido ao transporte inadequado
O Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) de Juiz de Fora, na Zona da Mata de Minas Gerais, recebeu na noite desta segunda-feira (20/07), 1.459 jabutis, nove calopsitas e oito galos-de-campina. Os animais levados para a unidade administrada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) com o apoio clínico do Instituto Estadual de Florestas (IEF) foram apreendidos pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) na BR-116, em Leopoldina, também na Zona da Mata.
De acordo com a PRF, três homens estavam no veículo em que foram encontrados os animais. O responsável pelo veículo foi multado em mais de R$15 milhões pelo Ibama, a maior autuação feita pela Superintendência do Instituto de Juiz de Fora em apreensão de animais.
No caso desta semana, os animais foram encontrados em condições inadequadas de transporte e serão reabilitados pela equipe de veterinários e biólogos do IEF e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Durante a apreensão, os policiais verificaram que os jabutis estavam dentro de sacos de nylon fechados, sem ventilação e alimentação adequada. Já as nove calopsitas e os oito galos-de-campina estavam juntos em uma única gaiola pequena de madeira. O destino do veículo seria o município de Resende, no estado carioca, onde os animais seriam comercializados.
Devido às condições indevidas de transporte, 45 jabutis e um galo morreram antes mesmo de chegarem ao Cetas.
Biólogo do IEF, Glauber Barino explicou que após a chegada na unidade mais oito jabutis morreram devido às péssimas condições de saúde dos animais. “Eles chegaram muito debilitados, desnutridos e desidratados. A gaiola e os sacos em que foram transportados estavam extremamente sujos, com alguns animais já mortos”, disse.
Com o alto número de animais apreendidos, Glauber explicou que foi preciso reforçar a equipe com cinco veterinários e cinco biólogos parceiros, que já fizeram estágio anteriormente no Cetas JF. Um veterinário do Ibama também compõe a equipe.
Barino disse, ainda, que todos os jabutis, calopsitas e galos-de-campina estão sendo avaliados individualmente. “Estamos cuidando de cada um deles com suplementação de vitaminas, alimentação adequada e hidratação. Também estamos fornecendo um ambiente com temperatura ideal para a sobrevivência dos animais”, disse o biólogo sobre o processo de recuperação dos bichos.
Ainda não é possível dimensionar o tempo necessário para reabilitação dos animais; Glauber explicou, no entanto, que o Ibama juntamente com IEF estudam como se dará o processo de reintegração das espécies à natureza. “A nossa preocupação agora é com a recuperação de todos os animais sob nossa tutela”, acrescentou.
MULTAS
Segundo a PRF, caso os jabutis fossem comercializados, a movimentação financeira poderia chegar a R$860 mil
Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), apesar de três homens terem sido encontrados no carro em que foram encontrados os animais, apenas o condutor foi multado, por ter assumido a responsabilidade pelos animais. Foram duas multas aplicadas pelo Ibama. Uma por transporte de animal de silvestre sem autorização do órgão competente, no valor de R$14.678.000. E a outra punição foi por maus tratos e fixada no valor de R$773.424. Somadas, as duas multas chegam a R$15.451.424.
Além disso, a PRF informou que, em 18 de julho, o carro também foi abordado, em outra ocorrência, por agentes da corporação, mas em Jequié, na Bahia. Na oportunidade foi lavrado um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) e o condutor foi liberado. Na data foi registrado um boletim de ocorrência por crime ambiental contra a fauna, previsto no artigo 29 da Lei 9.605/1998, que trata sobre a caça e venda de animais silvestres. Em Leopoldina, o boletim de ocorrência registrou, além do artigo 29, o crime de maus tratos previsto no artigo 32 que trata sobre os maus tratos.
No mercado clandestino, segundo a polícia, os filhotes de jabutis chegam a ser comercializados por R$600 cada. Caso todos os animais fossem comercializados, os responsáveis poderiam movimentar cerca de R$860 mil.
Simon Nascimento
Ascom/Sisema