História ganha vida em evento no Parque Estadual do Rio Doce

Notícia

Seg, 26 set 2016


As pessoas que estiveram no Parque Estadual do Rio Doce na noite do dia 24/09 tiveram a oportunidade de mergulhar na história e nas tradições dos tropeiros que desbravaram e permitiram o surgimento do que hoje é conhecido como Vale do Aço. A quinta edição do ‘Causos e Contos’ do Parque reuniu cerca de 300 interessados em conhecer mais sobre o passado das tropas e da unidade de conservação.

 

O evento foi dedicado àqueles que, em uma época sem muitos recursos, permitiram o desenvolvimento de cidades como Ipatinga, Coronel Fabriciano e Timóteo. Utensílios como lamparinas, selas, estribos, bolsas e outros equipamentos usados para as viagens estiveram expostos no Parque. “As montanhas impunham muita dificuldade nas jornadas e as mulas eram os animais que melhor conseguiam fazer o trajeto”, explica a diretora da Associação dos Amigos do Parque Estadual do Rio Doce e uma das idealizadoras do evento, Alexandra Rosângela de Oliveira.

 

Os artistas Edson Cabral, Esdras Felix e Renato Francisco Lima, esse último funcionário do Parque, construíram esculturas em tamanho natural de cavalos e mulas em fibra de vidro que compuseram o cenário. “Posteriormente, todo o material e outras peças que estão espalhados nas casas da região serão reunidos num museu que, a exemplo do que já existe no município de Cordisburgo, contará a história dos tropeiros”, acredita Alexandra Oliveira.

 

Crédito: Evandro Rodney
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Artefatos antigos usados pelos tropeiros e esculturas em fibra de vidro de mulas compuseram o cenário no Parque

 

Já as histórias ficaram por conta de artistas, comunicadores e pessoas da região que mantém a tradição de contar causos. Um deles foi o professor Gleiser Castro Pontes, que levou o público a viajar pela região séculos atrás. “Os tropeiros eram desbravadores que levavam e traziam toda sorte de produtos utilizados nas propriedades”, afirma. “É importante estudar e mostrar melhor essas pessoas, o que elas faziam e sua importância para a região”, completa. Juntaram-se a ele Edwar Borges, o artista Gil Vicente e seu personagem, Dona Augusta; o radialista João Neto, Gilmar Pires e seu sertanejo Joventino, que emocionaram e divertiram as pessoas que ali estavam.

 

Crédito:Evandro Rodney
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O diretor-geral do IEF, João Paulo Sarmento e o gerente do Parque, Vinícius Assis, entregaram aos artistas um certificado pela participação

 

Resgate

 

A presidente da Associação dos Amigos do Parque, Jailma Soares, observa que o evento surgiu para resgatar a tradição dos encontros nas casas onde as pessoas se reuniam para contar histórias. “A Associação e o IEF vem estimulando esse e outros eventos para lembrar a importância dos nossos antepassados e preservar a cultura da região”, observa. “Os jovens têm oportunidade de conhecer objetos do passado e da vida na região”, afirma.

 

O diretor-geral do IEF, João Paulo Sarmento, afirma que trazer a comunidade para as unidades de conservação, transformando esses espaços em locais de ações participativas e integradas é uma das marcas que ele quer imprimir em seu trabalho à frente do Instituto. “Todos somos responsáveis pela conservação da natureza e eventos como o Causos e Contos são um modo efetivo de fazer educação ambiental e mostrar o Parque”, destaca.

 

O gerente do Parque Estadual do Rio Doce, Vinícius Assis Moreira, salientou que o evento resgata a conexão do Parque com os tropeiros. “Dom Helvécio, na primeira metade do século 20 veio como tropeiro à região”, lembra. “O ‘tropeirismo’ está em nosso DNA”, completa.

 

Plateia

 

A presença de Juca de Nelson foi um dos destaques na plateia do V Causos e Contos. Ele é uma das figuras centrais nas Romarias e Cavalgadas que são realizadas anualmente em comemoração ao aniversário de criação do Parque, cedendo sua fazenda para uma das paradas dos cavaleiros. “Vim visitar meu amigo Tião (Sebastião Leandro Pinto, funcionário do Parque), encontrei vários amigos e aqui estou para ouvir as histórias”, contou.

 

Já Rosimeiri Silva foi pela primeira vez ao encontro, mesmo frequentando o Parque desde criança. “Nasci em Santa Rita (comunidade no entorno) e sempre gostei do Parque”, explica. Acompanhada do esposo, Vicente Pereira, e da filha Maria Eduarda Silva, ela vibrava a cada história. “É uma experiência muito rica”, destaca.

 

Morador de Belo Horizonte, Samuel Alencar Santos é funcionário do Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sisema) e estava no Parque a trabalho. Aproveitou para conhecer mais da história da unidade e da região. “É uma oportunidade de conhecer a riqueza de Minas Gerais e, agora, quero retornar com minha família e mostrar a eles esse patrimônio”, observa.

 

O Parque Estadual do Rio Doce foi a primeira unidade de conservação criada em Minas Gerais. Os primeiros esforços para sua proteção surgiram no início da década de 1930, pelas mãos do arcebispo de Mariana, Dom Helvécio Gomes de Oliveira. Em 1944 tornou-se oficialmente Parque, abrigando a maior floresta tropical de Minas, em seus 35.970 hectares localizados nos municípios de Marliéria, Dionísio e Timóteo.

 

Emerson Gomes
Ascom/Sisema