IEF estimula uso sustentável da Candeia

Notícia

Ter, 29 mar 2011


A Candeia é uma espécie do bioma Mata Atlântica que aparece em terrenos mais elevados, entre 800 e 1,3 mil metros de altitude. “É uma espécie muito resistente, presente em campos abertos de solo arenoso”, afirma a gerente de Incentivos Econômicos à Sustentabilidade do IEF, Maria das Graças Rocha, que também esclarece que o manejo da Candeia pode representar uma alternativa muito atraente para inúmeros produtores.  

“O baixo custo de produção, já que é uma espécie muito resistente e de fácil reprodução, aliado ao alto preço de venda dos produtos, tornam a atividade muito rentável”, observa Maria das Graças Rocha. “Por outro lado, a exploração predatória da espécie exige a criação de mecanismos para retirar a produção da clandestinidade”, completa. 

Maria das Graças Rocha observa que um estudo desenvolvido pelo IEF em parceria com a Universidade Federal de Lavras (Ufla) avaliou as possibilidades oferecidas pelo manejo sustentável da Candeia. “Na maioria dos casos, o transporte representa o maior gasto dos produtores, com quase 64% dos custos e como a espécie ocorre em locais altos, muitas vezes, é necessário o emprego de veículos de tração animal”, destaca.  

Os outros gastos no manejo da Candeia são similares às das outras culturas agroflorestais e decorrem da aquisição de mudas, plantio, controle de pragas e proteção da área. “Outra modalidade de custos mais baixos e de menor agressão ao solo, mas com produção menor, é a exploração em ambiente de regeneração natural, em que o produtor utiliza as árvores já existentes em determinada área”, completa. 

Sustentabilidade 

A resistência da madeira da Candeia transforma a espécie numa das mais utilizadas por proprietários rurais na fabricação de moirões e cabos para ferramentas. O uso principal, no entanto, é para a obtenção do óleo alfabisabolol. “Na natureza, além da Candeia, somente a Camomila produz o óleo, mas cuja extração é economicamente inviável”, observa o consultor do IEF, Ricardo Galeno. 

A extração do alfabisabolol responde por 75% do uso da Candeia e tem impulsionado o interesse pela espécie. A substância possui propriedades hidratantes para a pele, sendo utilizada em produtos cosméticos como batons e protetores solares. O produto é muito explorado por empresas internacionais, sendo que, atualmente, uma única organização alemã é responsável pela compra de 65% da produção brasileira.  

A exploração da Candeia atraiu o interesse da estudante da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, Nancy Khweiss. Desenvolvendo um projeto de mestrado na área de economia em sistemas agroflorestais, ela visitou o Parque Estadual do Itacolomi, em março, para conhecer o trabalho que é desenvolvido pelo IEF no manejo da Candeia. 

Para a norte-americana, a busca pela sustentabilidade no manejo da Candeia deve passar por outras áreas do Governo, além da ambiental. “É necessário estimular a organizações de associações dos produtores que teriam maior poder de negociação dos seus produtos frente às grandes empresas aliado às preocupações ambientais”, afirma. 

Também desenvolvendo projetos de mestrado na mesma área, a aluna da Universidade de São Paulo (USP), Flávia de Mattos Donadelli estimulou a visita das norte-americanas à Ouro Preto. “Já havíamos iniciado o contato com o IEF e ela, com algumas empresas e nos juntamos para conhecer o trabalho desenvolvido em Minas Gerais”, afirma. 

A região de Ouro Preto foi o local escolhido pelo IEF para iniciar o trabalho de incentivo ao manejo sustentável da Candeia pela grande presença da espécie na área e pela utilização tradicional pelos moradores locais. Outro facilitador para a implantação do projeto na área é a existência do mosaico de unidades de conservação que funciona como pólo para o desenvolvimento do trabalho. Na região, estão localizados o Parque Estadual do Itacolomi, a Estação Ecológica do Tripuí, a Floresta de Uaimií e a Área de Proteção Ambiental Cachoeira das Andorinhas.

Emerson Gomes
Ascom/ Sisema