IEF usa queima prescrita em 23 Unidades de Conservação para evitar grandes incêndios

Notícia

Sex, 23 jun 2023


 Foto: Divulgação/IEF

Queima Prescrita 10jpg Dentro

23 unidades de conservação estaduais realizaram a atividade de queima prescrita nesta semana

 

Brigadistas de 23 Unidades de Conservação (veja a lista ao fim da matéria) e equipes da Força-Tarefa Previncêndio, do Instituto Estadual de Florestas (IEF), promoveram nesta semana queimas prescritas de faixas de vegetação, com intuito de evitar que incêndios tomem grandes proporções durante o período de seca. Este é o ano com o maior número de parques e reservas com uso dessa técnica de uso intencional do fogo, prevista no plano de Manejo Integrado do Fogo (MIF).

 

Registros do IEF mostram que o período de julho a outubro é o mais propenso à ocorrência de incêndios. A queima prescrita é uma atividade de finalidade conservacionista prevista no Manejo Integrado do Fogo (MIF), que também envolve o planejamento e o monitoramento das ações adotadas, a educação ambiental, os aspectos culturais, ecológicos e econômicos do fogo e até mesmo a recuperação de áreas atingidas pelas chamas.

 

Essa prática já é usada pelo IEF no entorno das Unidades de Conservação desde 2014, mas no interior, seu uso foi regulamentado apenas em 2020, o que a tornou um importante recurso na prevenção a incêndios florestais e para a conservação de ambientes naturais. Este ano, as queimas prescritas foram iniciadas ainda em janeiro no Parque Estadual Pico do Itambé.

 

A diretora-geral do IEF, Maria Amélia Lins, ressalta que o procedimento é usado de forma preventiva, produzindo uma queima de baixa intensidade, em área previamente avaliada e onde a fauna e a flora estão adaptadas a esse fogo. "É uma característica evolutiva adquirida ao longo de milhares de anos, agora também replicada por meio da intervenção humana", diz.

 

Além das equipes do Previncêndio e dos brigadistas das unidades de conservação, o trabalho também envolve Polícia Militar, Corpo de Bombeiros e a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil.

 

O gerente de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais do IEF, Rodrigo Belo, explica que a queda de um raio na natureza é a principal forma natural de fogo em vegetações no Brasil. Quando ela ocorre, é parte da ecologia da natureza, como elemento de renovação. Ele enfatiza que há vegetações, como o capim, que precisam ser queimados antes do período seco para não se acumularem, tornando-se combustível para as chamas ou na ausência destas, reduzindo sua vitalidade ao longo dos anos.

 

“Estamos fazendo queimas de menor intensidade, que reduzem o acúmulo e eliminam os possíveis e até prováveis incêndios severos agravados pelo acúmulo dos combustíveis no período seco. Além disso, ao queimar o capim acumulado, por exemplo, há a rebrota dessa vegetação, sendo os brotos mais nutritivos para as espécies pastadoras, fortalecendo a cadeia alimentar e permitindo o crescimento de vegetações que dependem da luz solar e de temperaturas mais altas para a quebra da dormência de sementes. Ainda, nesta época do ano na qual são feitas as queimas controladas, a fauna se reproduz menos, sendo um risco reduzido para boa parte dos animais”, afirma.

 

PARQUES

 

Marcos Alexandre dos Santos, gerente do Parque Estadual Serra do Intendente, destaca que a unidade já utiliza a prática de queimas prescritas com fins de prevenção desde 2014 nas propriedades do entorno da Unidade de Conservação.

 

"A partir da portaria IEF 86/2020 começamos também a realizar queimas prescritas no interior do parque. Já são nove anos que praticamos o MIF e entre as principais vantagens podemos citar a redução do número de focos de incêndio, redução de perdas de capões florestais por incêndios severos e principalmente melhorias na relação do parque com a população residente e do entorno", avalia.

 

Já o Parque Estadual da Serra Das Araras e a Reserva Estadual De Desenvolvimento Sustentável Veredas do Acari passaram pelo procedimento de queima prescrita pela primeira vez nesta semana. Gerente das duas unidades, Ana Cristina Alves Ribeiro Oliveira ressalta que a técnica é importante para preservar os recursos hídricos da vereda do Águão e do Rio Pardo.

 

"Em ambas, obtivemos o sucesso esperado, queimamos apenas o material combustível acumulado e o panasco, diminuindo a potencialidade de possíveis focos de incêndios que poderiam incidir nestas áreas durante o período crítico, preservando os arbustos. Empregamos o fogo com ordenamento, planejamento prévio e condições climáticas favoráveis como um aliado da Gestão na conservação das nossas UCS", pontua.

 

MANEJO INTEGRADO DO FOGO

 

O MIF é uma prática que envolve o uso de fogo para manejo de vegetação, nativa ou exótica, abrangendo técnicas como aceiro negro, queima de manchas na paisagem para propiciar um ambiente mais heterogêneo, além do fogo de supressão (combate) ou equivalentes, visando reduzir a ocorrência e a severidade dos incêndios florestais.

 

Apesar de o fogo habitar o imaginário popular como algo exclusivamente destrutivo, ele pode também ser uma forma de prevenção a incêndios e de reequilíbrio ambiental, se adequadamente, implementado por equipes com conhecimento técnico, em que se enquadram também os conhecimentos populares do uso do fogo. Para isso, a Gerência de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais do Instituto Estadual de Florestas (IEF) recomenda a adoção das queimas prescritas em partes das Unidades de Conservação (UC) estaduais de Minas. A técnica é utilizada em diversos países como a África do Sul, Estados Unidos, Espanha, Chile, Portugal e Austrália.

 

CLIMA MAIS QUENTE E SECO

 

De acordo com Heriberto Amaro, meteorologista do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), a previsão é de que já no próximo bimestre - julho e agosto - Minas tenha temperatura até 2 graus acima da média histórica. Outro ponto que preocupa é de que nesse período há baixa previsibilidade de chuvas e o clima deve ficar mais seco do que nesse mesmo período do último ano.

 

Segundo o meteorologista, isso se deve à probabilidade de ocorrência do fenômeno El Niño. "Tende a ser um período seco semelhante ao que tivemos em 2015 e 2016, quando estávamos sob influência desse fenômeno", explica.

Veja abaixo a lista de Unidades de conservação que passaram pelas queimas prescritas:

 

1- Parque Estadual Serra do Intendente
2- Parque Estadual Serra do Sobrado
3- Parque Estadual Mata do Limoeiro
4- Parque Estadual Rio Doce
5- Parque Estadual da Serra do Rola-Moça
6- Parque Estadual do Biribiri
7- Parque Estadual do Ibitipoca
8- Parque Estadual Serra Verde
9- Parque Estadual da Serra do Papagaio
10- Parque Estadual Pico do Itambé
11- Parque Estadual Serra das Araras
12- Parque Estadual do Rio Preto
13- Parque Estadual Serra da Boa Esperança
14- Parque Estadual Lagoa do Cajueiro
15- Parque Estadual do Verde Grande
16- Parque Estadual da Mata Seca
17- Parque Estadual do Pau Furado
18- Parque Estadual do Sumidouro
19- Área de Preservação Ambiental das Águas Vertentes
20- Monumento Natural Estadual Gruta Rei do Mato
21- Reserva Estadual de Desenvolvimento Sustentável Veredas do Acari
22- Parque Estadual Lapa Grande
23- Parque Estadual Serra do Cabral

 

Luiz Fernando Motta
Ascom/Sisema