O professor da UFMG, Francisco Barbosa, coordenador do projeto Pesquisas Ecológicas de Longa Duração abordou as oportunidades de pesquisa oferecidas pela biodiversidade encontrada na Mata Atlântica protegida pelo Parque Estadual do Rio Doce. A palestra aconteceu nesta sexta (26/02/2010), no auditório do Centro de Treinamentos da unidade de conservação, no último da reunião Rede de Organizações Não Governamentais da Mata Atlântica (RMA).
Maior área contínua de Mata Atlântica preservada do Estado, o Parque permite a sobrevivência de espécies da fauna e da flora do bioma que é considerado Reserva da Biosfera Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). A unidade de conservação, administrada pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF), também abriga um complexo formado por 47 lagoas que o credenciaram a receber, nessa sexta, o certificado de inclusão na Lista de Zonas Úmidas de Importância Internacional, a Lista Ramsar. sendo a primeira área do Estado e a nona localizada no Brasil incluída na relação.
Francisco Barbosa observa que o Parque Estadual do Rio Doce é um dos doze sítios da Rede Internacional de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração (Peld) e Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) coordena sobre a Mata Atlântica realizadas na unidade de conservação. O bioma é considerado de altíssima biodiversidade e considerada prioritária para a conservação da biodiversidade em toda a região neotropical. "As pesquisas contribuem um dos objetivos do trabalho é gerar e organizar o conhecimento ecológico e sócioeconômico da região", afirma.
Os estudos sobre a diversidade de espécies e a estrutura genética realizados indicam uma grande variedade de espécies, inclusive algumas ameaçadas de extinção. "A identificação de espécies contribuirão para a análise dos efeitos do desmatamento e da fragmentação das áreas de Mata sobre a biodiversidade local", observa. Francisco Barbosa destaca que as pesquisas também são realizadas nas cerca de 130 lagoas existentes no Parque e no entorno.
Segundo o professor, a diversidade também pode ser observada na fauna. Estudos realizados entre os anos 2000 e 2007 indicaram a presença de 22 espécies de mamíferos de pequeno porte e outras 17 de médio e grande porte habitando a região da Campolina no Parque. Destaque para a presença do muriqui-do-norte, maior primata das Américas e espécie ameaçada de extinção.
Em 2010, teve início a segunda fase do Peld que se estenderá até 2019.O trabalho dará ênfase aos processos ecológicos e os efeitos provocados pelas invasões biológicas, como as espécies aquáticas introduzidas na região como o tucunaré e a piranha. Outro exemplo é o aparecimento de primatas provenientes do cerrado ou espécies híbridas. "Os estudos procurarão descobrir se o crescimento do número de indivíduos de espécies exóticas é causado pela expansão do cerrado ou se pela introdução acidental ou intencional", explica.
Biodiversidade
A Mata Atlântica abriga a maior biodiversidade por hectare entre as florestas tropicais. As variações climáticas e de relevo favorecem a diversificação de espécies no bioma. Somente no Parque Estadual do Rio Doce podem ser encontradas cerca de dez mil categorias, 134 famílias cerca de 1,1 mil espécies vegetais típicas.
Já foram identificados no interior do Parque 325 espécies de aves e 77 de mamíferos. Na unidade é possível encontrar espécies ameaçadas de extinção como a onça-pintada, o macuco e o muriqui, maior primata das Américas. Também habitam a unidade animais conhecidos da fauna brasileira, como a capivara, a anta, o macaco-prego, o sauá, a paca e a cotia. Entre as espécies da avifauna podem ser observados o beija-flor-besourinho, o chauá, o jacu-açu, a saíra e a anumará, entre outras. Nas lagoas existentes no Parque podem ser encontradas 28 das 35 espécies de peixes típicas na bacia do Rio Doce, entre eles bagres, carás, cumbacas, e traíras.
A infraestrutura disponibilizada para pesquisadores também reforça a posição do Parque do Rio Doce como principal local para realização de estudos sobre a Mata Atlântica. Nos dias 25 e dia 26, foram inauguradas, respectivamente, a recém construída Unidade de Apoio a Pesquisa e Fiscalização do Revés de Belém e o reformado e ampliado Centro de Pesquisas do Parque. Pesquisadores encontrarão alojamentos e laboratórios equipados com câmara fria, estufa, microscópios, entre outros. Cerca de 1,2 milhão forma investidos nos dois complexos, provenientes do Projeto de Proteção da Mata Atlântica (Promata), uma parceria entre os governos da Alemanha e de Minas Gerais, do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e do orçamento do IEF.
Atualmente, cerca de 50 estudos estão em andamento na unidade envolvendo pesquisadores de universidades, organizações não-governamentais e empresas de todo o país. As pesquisas sobre diversidade genética, aquática, faunística e botânica, dentre outros, vão desde o estudo da “Diversidade e possíveis aplicações biotecnológicas de leveduras isoladas de lagos antárticos, lagos andinos do noroeste da patagônia e lagos tropicais brasileiros” a análise “Comunidades de Formigas em diferentes escalas espaciais e formações vegetais ”.
Fonte: Ascom/ Sisema
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