Projeto do IEF no Sul de Minas busca a perpetuação do jequitibá rei

Notícia

Seg, 23 set 2013


O jequitibá rei ou jequitibá rosa ou ainda cariniana legalis (nome científico) é uma árvore nativa do Brasil e está ameaçada de extinção. Ela é encontrada na  amazônia,  no cerrado e, principalmente,  na mata atlântica.

jequitiba_tratada

Exuberante, a espécie chama atenção pelo tamanho – o jequitibá rei pode atingir 50 metros de altura, o tronco pode chegar aos três metros de diâmetro.  Ela é considerada a maior árvore da flora brasileira e o tempo de vida pode ir até os três mil anos. Além disso, a madeira é de boa qualidade  e adequada para a produção de móveis.

Para preservar a espécie, tão essencial para o bioma da mata atlântica, o engenheiro florestal do Instituto Estadual de Florestas (IEF), Luiz Ricardo Zavagli, está coletando sementes de árvores matrizes, selecionadas no Sudoeste de Minas. As sementes vão para o banco de germoplasma, instalado no Instituto Federal de Ciência e Tecnologia (IFET) de Muzambinho, que é parceiro do IEF na pesquisa, juntamente com a Prefeitura Municipal.

O engenheiro e idealizador do projeto explicou que, por meio do germoplasma, é possível preservar a diversidade genética de cada planta e identificar as árvores com o melhor potencial de cultivo, inclusive para fins comerciais. “Será observado, por exemplo, quanto tempo elas levam para crescer, será uma perpetuação da árvore”, afirmou.

Coleta

O trabalho começou há quatro meses e já foram coletadas sementes de 12 árvores matrizes nos municípios de Muzambinho, Guaxupé e Divisa Nova. A previsão é de que o projeto seja estendido para Monte Belo, Botelhos, Nova Resende, Juruaia e Guaranésia.

Segundo Luiz Zavagli, serão plantadas 30 mudas de cada árvore matriz e o excedente será doado aos produtores rurais, cadastrados no projeto de Fomento Ambiental do IEF, juntamente com mudas de outras 180 espécies nativas. As plantas serão utilizadas na recomposição de áreas degradadas,  matas ciliares, arborização rural e mata de topo.

jequitiba_engenheiro

No ano que vem, de acordo com o engenheiro do IEF, serão coletadas sementes em um parque na cidade de Santa Rita do Passa Quatro, no norte do Estado de São Paulo,   onde está o maior jequitibá do Brasil.  A árvore tem 40 metros de altura e três metros de diâmetro. A estimativa é de que ela tenha mais de três mil anos e de que seja a árvore mais velha do país. “O objetivo é buscar uma maior variedade genética da espécie”, concluiu Luiz Zavagli.    

jequitiba2                    

A agropecuária e a preservação

O produtor rural João Paulo Muniz é um exemplo de que é possível conciliar a produção agropecuária com a preservação do meio ambiente. Ele possui uma fazenda de 285 hectares em Muzambinho, 20% da área são de reserva legal, conforme determina o código florestal brasileiro.

fazendeiro_muzambinho

O fazendeiro mantem cerca de 110 espécies, entre elas estão o jequitibá, cedro, jacarandá e a peroba.  De acordo com a produtor, metade  da Área de Proteção Ambiental (APP) já está concluída e a outra metade está sendo plantada   grande parte das  mudas é fornecida pelo Instituo Estadual de Florestas, “Todo o trabalho é feito com a orientação do IEF”, ressaltou o produtor rural.

Os outros 80% da área da fazenda são utilizados para o  plantio de café, milho, arroz. Só a produção de café chega a cerca de quatro mil sacas por ano, 70% são destinadas  à exportação e ainda sobra espaço para eucalipto e pastagem.