Aproximadamente 100 pessoas, entre representantes de associações de catadores, Ongs, professores e estudantes, tiveram a oportunidade de discutir sobre as alternativas para aumentar os índices de reciclagem das caixas longa vida. Para iniciar o debate, o engenheiro do Departamento de Meio Ambiente da Tetra Pak, Edy Merendino, apresentou os trabalhos desenvolvidos pela empresa, responsável pela fabricação das embalagens cartonadas, feitas de papel (75%), plástico polietileno (20%) e alumínio (5%).
De acordo com os dados apresentados por Edy Merendino, em 2006 foram recicladas no Brasil 46 mil toneladas de embalagens – índice que representa 24% do total produzido. Para aumentar os números, a empresa vem apostando na inovação tecnológica. “A Tetra Pak desenvolveu no Brasil a tecnologia de reciclagem a plasma, que permite a separação do plástico e do alumínio contidos na embalagem, após a retirada do papel. Transformados em parafina líquida e lingotes, o plástico e o alumínio voltam para a cadeia produtiva como matérias-primas”, ressaltou o engenheiro.
Segundo a gerente de Saneamento da Feam, Denise Bruschi, a falta de divulgação das novas alternativas de reciclagem, que transformam as embalagens em telhas e placas para a construção civil, contribui para o baixo percentual de reciclagem. “Os órgãos ambientais vêem-se diante de uma questão: se, por um lado a combinação de materiais representa efetiva vantagem para a conservação de produtos, por outro trouxe o problema da dificuldade de reciclagem e reaproveitamento desse resíduo”, completou.
Para Nícia Mafra, coordenadora do projeto Tzedaká, que também participou do debate do CMRR, o desafio é a mudança de comportamento. “É um processo demorado, de mudança de paradigmas e que envolve desde o catador até o comerciante ou diretamente às indústrias de reciclagem”, argumentou. Levantamento apresentado por Nícia Mafra revela que em Belo Horizonte são descartadas por mês cerca de 300 toneladas de caixas Tetra Pak.
Campanha educativa
Entre as soluções apresentadas durante o debate, o primeiro passo é a realização de uma campanha para a conscientização dos atores envolvidos na cadeia da reciclagem e da população em geral. “Em setembro, com a ampliação da coleta seletiva nas regionais de Belo Horizonte, estamos nos organizando para iniciar uma campanha educativa”, disse Nícia Mafra.
Iniciativas isoladas e com resultados positivos já vêm sendo realizadas em instituições como o Tribunal Regional Eleitoral (TRE), na capital mineira. Na sede do órgão, os funcionários aprenderam o valor que uma embalagem longa vida possui e os impactos que causam ao meio ambiente quando acumuladas nos lixões e aterros sanitários. “As caixas longa vida do TRE são encaminhadas ao projeto Tzedaká, onde o papel é reciclado”, explicou Nícia Mafra. Neste mês, o projeto, que tem sede em Belo Horizonte, recebeu da Tetra Pak uma prensa especial para a recuperação e transformação do alumínio e do plástico em placas formato A4, que serão aplicadas em produtos ecosustentáveis para capas de blocos, cadernos, agendas, entre outros produtos. “É uma prensa de pequena escala, que será utilizada em caráter educativo”, completou.
Data: 14/08/07
Fonte: CMRR