Técnica, que é simples, pode ser feita em casas e apartamentos; veja algumas dicas para implantar o sistema
Fazer a compostagem caseira dos resíduos orgânicos é uma ótima alternativa para reduzir a quantidade de lixo enviada para os aterros sanitários. Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) mostram que mais da metade do volume total de resíduos produzidos no Brasil é de material orgânico, que muitas vezes é descartado inadequadamente, causando impactos ambientais negativos. Apesar de não ser uma prática nova, a compostagem domiciliar ganha cada vez mais popularidade, por ser uma alternativa sustentável de tratamento do resíduo orgânico.
O processo da compostagem promove a decomposição dos alimentos por meio da ação dos micro-organismos, transformando restos de frutas, legumes e verduras em um rico adubo, tanto na forma líquida como sólida. “O processo é o mesmo que acontece na natureza, mas a diferença é que a compostagem ocorre em ambiente controlado, sem causar poluição”, explica a analista ambiental da Gerência de Resíduos Sólidos da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), Júlia Nunes.
A técnica pode ser feita em casas e apartamentos, e o tamanho da composteira vai depender do volume de matéria orgânica produzida e do espaço disponível na residência. Além disso, o processo pode acontecer de maneira natural – apenas dispondo os resíduos nas caixas – ou também é possível acelerar e estimular a compostagem com o uso de minhocas, por exemplo. A técnica é chamada de vermicompostagem ou minhocário.
Após a escolha do melhor tipo de processo e da composteira (podem ser utilizadas caixas plásticas, baldes de margarina ou manteiga de 15kg ou mais, entre outros), é preciso cuidar para que a composteira não gere mal cheiro. “Muita gente pensa que a técnica não é higiênica, que exala mau odor e atrai animais, mas se a compostagem for feita de forma a garantir a circulação de ar e o controle da umidade, isso não acontece”, ressalta Júlia.
Veja as principais dicas para fazer a compostagem caseira:
Foto: Divulgação/Spiralixo
O tamanho da composteira vai depender do volume de matéria orgânica produzida e do espaço disponível
Resultados
Há cinco anos, após adotar novos hábitos alimentares, o microempreendedor individual Mauro Henrique Silva passou a fazer a compostagem caseira. Hoje, ele utiliza o sistema de minhocários.
“Comecei a querer plantar em casa e quis um adubo de melhor qualidade. Assim cheguei até a compostagem. Depois adaptei o sistema para o minhocário, com o qual produzo húmus, o melhor alimento para a planta”, relata.
Como mora com mais cinco pessoas, ele utiliza três caixas de 61 litros cada, sendo duas digestoras e uma coletora de biofertilizante, (chorume tratado biologicamente, dentro do minhocário).
O líquido gerado pela compostagem é extremamente nutritivo e pode ser utilizado para fertirrigação. Para tanto, é preciso diluir uma parte de chorume para cada dez partes de água. O material é muito bom para utilização em hortas, pomares e jardins.
Aproveitamento integral dos alimentos
A analista ambiental da Gerência de Resíduos Sólidos Urbanos da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), Júlia Nunes, atenta que, apesar da alternativa da compostagem, é possível também reduzir a geração de resíduos orgânicos, aproveitando ao máximo os alimentos. “As frutas e legumes podem ser quase que completamente aproveitados, então é preciso evitar o desperdício”, diz.
As cascas podem ser utilizadas para o preparo de diversos pratos. Para aproveitar as cascas deve-se deixar o alimento alguns minutos em solução clorada. Do abacaxi, por exemplo, pode-se retirar a polpa e fazer um chá da casca. Dessa casca cozida para o chá, é possível fazer um suco. E o resíduo que foi coado do suco, quando espremido, é utilizado para fazer um bolo. Sementes de abóboras e algumas frutas podem ser torradas e transformadas em farinha. “O mínimo que sobrar do alimento é que deve ir para a composteira”, finaliza.
Agência Minas