Foto: Divulgação Feam
Especialistas sugerem desenvolvimento de sistema de monitoramento de barragens por satélite que analisar e testar estruturas utilizando a metodologia de monitoramento remoto para as barragens de rejeitos de mineração
Especialistas em geotécnica e em geoprocessamento de mineração do Brasil e da Holanda participaram nessa semana, de 7 a 11 de outubro, em Delft na Holanda, de uma maratona tecnológica voltada para barragens de rejeitos de mineração. Organizado pela Agência Nacional de Mineração (ANM), em parceria com o laboratório Holandês Deltares, responsável por monitorar barragens nos Países Baixos, os técnicos estão analisando e testando metodologias de monitoramento remoto de barragens por satélite usadas no país, tomando por base estudo de casos de estruturas brasileiras.
O encontro é a continuidade da visita realizada em abril deste ano, quando uma comitiva de órgãos públicos viajou à Holanda para uma visita técnica relacionada à gestão ambiental e segurança de diques e barragens. O Estado foi representado na ocasião pelo secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Germano Vieira e pelo presidente da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), Renato Brandão. Também fizeram parte do grupo que viajou ao país europeu, a convite do embaixador do Reino dos Países Baixos, Cornelis van Rij, o Ministério de Minas e Energia (MME) e a Agência Nacional de Mineração (ANM). A visita técnica, sem custos para o executivo mineiro, ocorreu de 22 a 26 de abril.
Desta vez, a comitiva conta com a participação da servidora da Superintendência de Projetos Prioritários (Suppri) da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), Karla Brandão. “A empresa Deltares está propondo o desenvolvimento de um sistema de monitoramento de barragens por satélite, chamado INSAR. Além da empresa, vários pesquisadores da Universidade de Delft, da área de geotecnia, hidrogeologia e meio ambiente estão dando apoio para avaliar, inclusive, os possíveis impactos ambientais a jusante das barragens”, disse a gestora ambiental.
De Acordo com Karla Brandão, a avaliação dos impactos ambientais a jusante, na área de alagamento prevista pelo Dam Break, é muito útil e faz parte inclusive dos critérios usados para o Potencial de Dano Ambiental (DPA) utilizado para classificar a barragem como I, II ou III, conforme Deliberação Normativa (DN) 87/05 e a Lei n° 23.291/2019. “O projeto proposto permitiria verificar as alterações de uso e ocupação do solo nessas áreas a jusante, além da presença de vegetação, áreas sensíveis ou protegidas como Unidades de Conservação, entre outros. Se concretizado, a ferramenta poderá ser aplicada para monitoramento e aperfeiçoamento das regulamentações em andamento quanto, por exemplo, a garantia financeira imposta às empresas pela Lei 23291, o escopo dos dados ambientais a ser feito na área de auto salvamento e de alagamento determinada pelo Dam Break e melhores avaliações dos impactos socioambientais de possíveis rompimentos”, frisou.
Atualmente, a ANM é o órgão responsável por validar o DPA proposto pelo empreendedor, no entanto, a Semad recebe essas informações nos processos de licenciamento ambiental e pelo Banco de Declarações Ambientais (BDA), podendo assim aprofundar os aspectos ambientais da análise.
De acordo com a ANM, no Brasil e em outros países, há uma necessidade premente de melhorar o monitoramento de barragens de rejeitos, tanto as em operação quanto as inativas, além de tentar prever falhas potencialmente catastróficas. Tecnologias inovadoras, como o uso de sensores remotos (satélites), integração de dados, inteligência artificial e sistemas de alerta oferecem oportunidades para atingir esse objetivo. O principal desafio é integrar as diferentes tecnologias em uma estrutura que atenda às necessidades dos usuários finais brasileiros e da sociedade em geral.
Hackathon
O objetivo do hackathon, que está ocorrendo entre 07 e 11 de outubro, é analisar e testar estruturas utilizando a metodologia de monitoramento remoto para as barragens de rejeitos de mineração. A primeira parte do hackathon se concentrou na avaliação de necessidades e nos requisitos do usuário final. Posteriormente ocorrerá um brainstorming, um design de soluções e uma prova do conceito dos componentes do sistema, aplicando-os em casos reais.
O grupo também trabalhou na identificação, para os casos de minas desativadas ou em processo de desativação, das possibilidades de aplicação desta tecnologia para o monitoramento remoto de estruturas remanescentes que possam representar algum risco social ou ao meio ambiente, melhorando os aspectos de sustentabilidade do processo, de acordo com Eriberto Leite, gerente de Fiscalização do Aproveitamento Mineral da ANM.
Tecnologias inovadoras, como o uso de sensores remotos (satélites), integração de dados, inteligência artificial e sistemas de alerta oferecem oportunidades para atingir esse objetivo. O principal desafio é integrar as diferentes tecnologias em uma estrutura que atenda às necessidades dos usuários finais brasileiros e da sociedade em geral.
“A ferramenta possui o potencial de lançar luz em pontos desconhecidos, retroagindo ao passado em estruturas sem histórico de registro de monitoramento de deslocamento, bem como monitoramento periódico futuro de estruturas descaracterizadas, que tendem a estabilizar após fechamento”, diz Luiz Henrique Rezende, da Divisão de Segurança de Barragens da ANM em Minas Gerais.
Ascom/Sisema
Milene Duque