Aconteceu nos dias 21 e 22 de novembro na Cidade Administrativa Presidente Tancredo Neves a 1ª Conferência Internacional de Transição Energética em Minas Gerais, em Belo Horizonte. A exitosa experiência francesa sobre transição energética e a importância da cooperação entre a França e o estado de Minas Gerais foram destaque na abertura do evento.
No primeiro momento foram apresentados os resultados e a perspectiva da cooperação técnica e internacional firmada entre Minas Gerais e a França. Laure Schauchlil da Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD) enfatizou a importância da cooperação técnica entre a França e Minas, com relação ao Plano de Energia e Mudanças Climáticas (PEMC), elaborado em parceria com a AFD. “Foi um processo muito participativo e inspirador”, disse.
O assessor de Relações Internacionais de Minas Gerais (ARI) Hugo França, reiterou que acredita no trabalho da Feam e que a agenda ambiental verde tem aderência internacional.
A abertura dos painéis interativos foi feita pelo presidente da Feam, Rodrigo de Melo Teixeira. “Foram cinco painéis com propostas que abordaram a expansão de energias renováveis, e aumento da eficiência e segurança energética, com a participação de experiências nacionais e internacionais”, frisou.
Crédito: Janice Drumond
O presidente da Feam, Rodrigo de Melo Teixeira, fez a abertura dos painéis na Conferência
Painel I - Transição energética
Com a participação de especialistas do setor da iniciativa pública e privada e das universidades, foram apresentadas as questões relativas à transição energética como pré-requisito para mitigação das mudanças climáticas globais, além dos relatos dos processos de transição energética francesa, onde foram ouvidos especialistas, cientistas e também a população sobre experiências de transformação sustentáveis e de territórios. Na oportunidade, Avryl Colleu da Platane & Ilic Agenccy, enfatizou que o Estado de Minas foi muito dinâmico com relação às mudanças climáticas e destacou que “é preciso contar com a sociedade civil e todos os atores, pois é isso que garante a transição”.
A mesa foi aberta para debates e na abordagem sobre a transição energética juntamente com a transição ecológica o professor Otávio Avelar, da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC) falou da importância de uma mudança da forma de pensar as questões relativas à transição. “A revolução tem que ser pragmática, envolvendo seres integrados e integradores”, disse.
Painel II – Governando a transição energética
Avryl Colleu abriu o segundo painel e apresentou a experiência do projeto “Place To B At a Glance”. De acordo com a francesa, por meio dele conseguiram mobilizar a sociedade civil contando histórias para que as pessoas pudessem se familiarizar com o tema e, assim, tiveram muito sucesso. Em julho de 2016 ela se encontrou com chefes indígenas, na COP 21, onde a mensagem sobre as florestas brasileiras foi muito importante. Ela ressaltou, ainda, que esse projeto não tem partido político, mas que o público é informado assim que a Lei é escrita e difundida na plataforma, para que haja o debate antes de sua publicação.
Crédito: Janice Drumond
A Conferência contou com participação de representantes da França
Tiago Correia que representou a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) falou das condições para que se faça a transição energética, além dos custos. Ele sugeriu que as soluções de rede podem contribuir para a estocagem de energia. “Na França, o segredo não são as fontes de energia, mas as redes inteligentes verdes. Lá a energia não é tão abundante como aqui”, disse. Ele reitera, ainda, que governança tem a ver também com concertação, participação social e legitimidade. “Nesse processo de transição energética é preciso empoderar o consumidor”, analisou. Durante o debate foram colocados na mesa as questões de diferentes fontes de energia como eólica, fotovoltaica, PCH, entre outras, respeitando as diferentes capacidades de geração de energia. Outro ponto abordado foi a possibilidade de inclusão de baterias moduláveis e removíveis para diminuir o consumo de óleo diesel.
Sobre a governança, Flávia Lemos, representante do Ministério de Meio Ambiente (MMA) citou o Acordo de Paris, como é um exemplo bem sucedido de governança e ainda outro exemplo bem sucedido o de dez anos de desmatamento da Amazônia Legal.
O gerente de Energia e Mudanças Climáticas, Felipe Nunes, frisou que, “quanto à transição energética em Minas Gerais, estamos apostando no caminho do debate”.
Painel III – Renováveis X Fósseis
O painel falou da expansão da demanda futura de eletricidade, que envolve questões como economia, sustentabilidade e confiança. Um dos temas abordados foi o processo de transição e a necessidade de adequação, conduzida com a integração entre as fontes renováveis e intermitentes, como a base de geração aplicada hoje em grande abundância, a hidrelétrica.
Na abertura do debate, Alexandre Heringer da Efficientia/Cemig, disse “que é preciso produzir melhor gastando menos” e reduzir o impacto ambiental, porque toda atividade humana gasta energia. Segundo Martine Benoist, do Conselho Regional de Hauts de France, as escolhas devem ser feitas de acordo com a região e a comunidade, promovendo uma discussão sobre a produção local de energias, como a eólica, a solar e a geotérmica. “A ideia é o desenvolvimento de energias renováveis em rede”, completou. Para Heringer, é importante trazer o consumidor para a discussão, pois rever os padrões de consumo é prudente e cabe a cada colaborar. Ele lembra que a Cemig já fez vários estudos sobre a transformação do lixo em energia, por exemplo.
Frederico Rocha, da Companhia de Gás de Minas Gerais (Gasmig), ressaltou que a grande dimensão territorial de Minas obrigou a concessionária a construir estensas redes de distribuição de gás em alta pressão muito semelhantes tecnicamente a gasodutos de transportes. Na opinião dele, há que se lembrar da contribuição positiva do gás no processo de transição energética, pois, o gás natural usualmente substitui outros combustíveis fósseis mais poluentes. Ressaltando que a grande bateria do sistema energético brasileiro são as hidrelétricas. Ele disse que fósseis e renováveis nao deveriam estar em campos opostos, pois de certa maneira, o gás natural ajuda a economizar essa bateria. Pediu, ainda, atenção às propostas de alterações da indústria do gás natural em exame pelo Governo Federal.
A professora Elizabeth Pereira do Centro Universitário UNA, finalizou o debate do painel dizendo que “é preciso transformar os equipamentos energéticos em negócios sustentáveis como startups, por exemplo”.
Ângela Almeida
Ascom/Sisema