A edição de um ano do Sisema ComCiência foi voltada para resultados da COP26
A 13ª Edição do Sisema ComCiência, edição especial de um ano, realizada nessa quinta-feira (18/11), abordou os destaques da 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26) e a participação mineira no evento, realizado entre os dias 31 de outubro e 12 de novembro em Glasgow, na Escócia.
A palestrante desta edição do Sisema ComCiência foi a coordenadora do Núcleo de Sustentabilidade, Energia e Mudanças Climáticas da Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam), Larissa Oliveira. Também participaram do debate o presidente da Feam, Renato Brandão e o cônsul do Reino Unido em MG, Lucas Brown. A apresentação e mediação do encontro foram feitas pelo analista ambiental do Igam, Alexandre Magrinelli.
Na abertura do evento, Renato Brandão destacou que a COP26 foi emblemática para o Estado de Minas Gerais pelos acordos firmados. “Temos de operacionalizar as metas firmadas pra redução de emissões e de mudanças climáticas. O pós COP será muito intenso e com muitas atividades”, afirmou.
Palestra
Em sua apresentação, Larissa Oliveira detalhou os passos da comitiva mineira em Glasgow. Para ela, os resultados foram positivos na discussão de soluções e tecnologias sobre alterações climáticas. “Os assuntos que foram discutidos se desdobraram em metas mais ambiciosas, financiamento climático, o mercado de carbono e sua regulação”, observou.
Larissa explicou que a COP26 foi dividida em dias temáticos: finanças, energia, juventude e empoderamento público, natureza, adaptação, gênero, ciência e inovação, transporte e cidades. “Todos esses temas mostram que a conferência não esteve ligada apenas a assuntos relacionados ao meio ambiente”, destacou.
Entre as atividades na COP26, Larissa ressaltou sua participação, na cidade de Birmingham, de reunião com a Catapult Energy System para conhecer o parque de inovação e a conexão local entre academia, empresas e governo. Também conheceu o trabalho de empresas britânicas que apresentaram tecnologias para mitigação de Gases do Efeito Estufa (GEE).
Ela também enfatizou a assinatura da Declaração de Edinburgh, principal documento para reconhecer e formalizar as contribuições dos governos subnacionais na próxima CDB COP15 (15ª Reunião da Conferência da Convenção sobre Diversidade Biológica). “É um reconhecimento da importância dos governos locais na construção e implantação dos compromissos assumidos pelos governos nacionais”, explicou.
Ainda sobre os compromissos assumidos por governo nacionais, Larissa observou que 200 nações assinaram um acordo sobre a redução global de dióxido de carbono. Os signatários devem apresentar ainda, até o final de 2022, novos compromissos para reduzir GEE e acelerar a transição energética.
Especial e ambiciosa
Em sua participação no debate, o cônsul do Reino Unido em Belo Horizonte, Lucas Brown, afirmou que a COP26 foi especial e ambiciosa. Ele lembrou que esse foi o primeiro evento em grande escala após a pandemia.
Brown observou que o Governo Britânico adotou uma postura Soft Power (poder doce) em algumas questões, utilizando figuras notórias como a participação do príncipe Charles. Sobre Minas Gerais, ele afirmou que o nome do Estado foi “repetido, destacado e ouvido durante a COP”. ‘A missão agora é dar continuidade aos programas e ações firmados e aos que já são desenvolvidos”, frisou.
Oportunidades
Reafirmando o compromisso com a agenda sustentável mundial, a comitiva mineira, liderada pelo governador Romeu Zema e pela secretária de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Marília Melo, participou de eventos importantes para discutir, junto a outras autoridades mundiais, ações concretas para reduzir a emissão de gases de efeito estufa e o controle das mudanças climáticas no planeta. Ambos foram acompanhados pelo secretário-geral do Estado, Mateus Simões; pelo presidente do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), Sérgio Gusmão; e pela coordenadora do Núcleo de Sustentabilidade, Energia e Mudanças Climáticas da Feam, Larissa Oliveira.
Entre as atividades desenvolvidas, a secretária Marília Melo representou o Estado em reunião com a primeira-ministra da Escócia, Nicola Sturgeon, e com a presidente do Climate Group, Joan MacNaughton, sobre a coalizão Under2, aliança climática que reúne mais de 260 estados, regiões e províncias em todo o mundo com o objetivo de zerar a emissão de gases de efeito estufa. O compromisso integra a agenda da campanha global Race to Zero, da qual Minas Gerais foi o primeiro estado da América Latina e Caribe a aderir oficialmente, pioneirismo que propiciou a Minas uma posição de destaque reafirmada pelo Governador Romeu Zema enquanto palestrante do painel de abertura do Evento de Ação sobre Cidades, Regiões e Ambiente Construído, no dia 11 de novembro.
Representado pela secretária Marília Melo, o Estado ainda esteve presente no encontro de governadores com o herdeiro da coroa britânica, príncipe Charles, e autoridades do Reino Unido. O príncipe Charles falou aos representantes brasileiros sobre a possibilidade de levar ao país a mobilização para investimentos privados em mercados sustentáveis chamada de Iniciativa de Mercados Sustentáveis (SMI).
O encontro com o príncipe Charles foi uma oportunidade de estreitar a parceria já firmada com o Reino Unido. Em dezembro de 2020, o Estado foi o primeiro do Brasil a assinar acordo com o governo britânico em torno de uma agenda de desenvolvimento verde: o Raceto Zero. O compromisso foi selado com a assinatura do Memorando de Entendimento entre o governo mineiro e o Reino Unido.
Portfólio Virtual
Durante a COP26, além da participação nos eventos, o Governo de Minas compartilhou as experiências realizadas em nível local, já desenvolvidas e em desenvolvimento no Executivo estadual e no setor produtivo para minimizar os impactos das alterações do clima na vida da população. Todo o trabalho foi reunido em um portfólio virtual que foi apresentado na conferência, e que está disponível para consulta no site da Feam.
O material foi elaborado pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), Feam, em parceria com as Federações da Agricultura e Pecuária (Faemg) e das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).
O portfólio apresentado na COP traz, ainda, diversas ações como a Estratégia de Transição Energética de Minas Gerais. A iniciativa, inédita entre governos subnacionais brasileiros, é um instrumento de governança para apoiar a transição energética para sistemas energéticos mais sustentáveis, construída em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Entre as metas previstas está a redução de 12%, até 2030, de gases de efeito estufa.
Reflorestamento
Outras importantes ações dizem respeito à gestão florestal. Neste sentido, o Instituto Estadual de Florestas (IEF) revisou o Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado (PMDI) e projeta, para o período de 2019 - 2030 um aumento de 15% de cobertura vegetal sobre o total de áreas de vegetação perdidas. O Instituto também definiu áreas prioritárias para a conservação e restauração da biodiversidade e ecossistemas no Estado. Nestes locais, busca-se adotar medidas para conservar a diversidade biológica e garantir a utilização sustentável de seus componentes.
Minas tem a meta de reflorestar 3,7 milhões de hectares em áreas rurais até 2030. Foi a oportunidade de discutir potenciais investimentos de reflorestamento em Minas Gerais, e apresentar o potencial de restauração conforme o Cadastro Ambiental Rural (CAR). Também foi um momento de troca de experiências no qual foi tratado também sobre desmatamento irregular e técnicas de monitoramentos que outros países já utilizam com o apoio do governo britânico e que podem ser utilizados em Minas Gerais.
Race to Zero
A comitiva mineira também fez uma visita à Universidade de Strathclyde, em Glasgow. Na ocasião, a secretária Marília Melo esteve acompanhada da Larissa Oliveira e falou dos desafios do Brasil e de Minas Gerais para a agenda de mudança do clima, citando os feitos já alcançados pelo Estado como adesão pioneira ao RaceTo Zero.
A convite do Governos Locais pela Sustentabilidade (ICLEI) e do Governo da Escócia, Minas Gerais teve papel de destaque no evento "Cidades e Regiões da América Latina e do Caribe em Direção a um Desenvolvimento Multinível Financiável, de Baixo Carbono e Resiliente". A secretária Marília Melo foi porta-voz dos governos subnacionais e locais em questões prioritárias para a Presidência da COP26 e participou no bloco que tratou da “Ação Multinível sobre Políticas de Baixo Carbono e Resilientes” onde compartilhou as estratégias do Governo de Minas sobre mudanças climáticas.
Foi anunciado, ainda, o mapeamento das emissões e da captura de carbono da cadeia produtiva das 200 maiores indústrias de Minas Gerais. O evento foi realizado na sede do Governos Locais pela Sustentabilidade (Iclei), durante a COP-26, em Glasgow, na Escócia. O objetivo é que essas empresas contribuam para o alcance das metas de mudanças climáticas e preservação do meio ambiente.
O empenho do Estado é fomentar o desenvolvimento sustentável, deixando claro que o produto mineiro será produzido com preocupação ambiental. Em Minas Gerais, o setor produtivo atende à adesão ao Raceto Zero (Corrida para o Zero), tanto a indústria quanto a agricultura, o que é uma importante parceria. O Estado tem investido na redução do carbono e Minas tem total condição de contribuir com essa ação mundial.
SISEMA COMCIÊNCIA
Em sua 13ª edição e com um ano de existência, o SisemaComCiência é um projeto do Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sisema), apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), e teve início em novembro de 2020. Tem como objetivo a divulgação de trabalhos científicos e outros estudos relevantes para o meio ambiente no estado. É realizado uma vez por mês, com convidados escolhidos para apresentar resultados de pesquisas científicas e acadêmicas importantes para a área ambiental de Minas.
Emerson Gomes
Ascom/Sisema