Webinar discutiu medidas para neutralização do carbono e ações para combater as mudanças climáticas
As discussões sobre a neutralização de carbono tiveram mais um capítulo nesta sexta (13/08), com a realização do webinar "Descarbonização em Minas Gerais por meio do aproveitamento energético de resíduos: uma estratégia para a campanha mundial Race to Zero para zerar emissões de carbono". O evento, realizado pelo Programa de Energia para o Brasil (BEP), traz o exemplo da adesão de MG à campanha mundial Race to Zero para zerar emissões de carbono e a cooperação do estado com o Reino Unido.
A Race do Zero é um esforço internacional para a neutralização de emissões de gases de efeito estufa, tendo como objetivo zerá-las até 2050. A adesão à campanha é uma das iniciativas de Minas Gerais na criação de uma agenda em torno do desenvolvimento verde rumo à 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26), marcada para 2021 em Glasgow.
A coordenadora do Núcleo de Sustentabilidade, Energia e Mudanças Climáticas da Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam), Larissa Oliveira, uma das debatedoras, destacou que mudanças climáticas é um conceito amplo e transversal, que envolve e mobiliza organizações governamentais, academia, ongs (organizações não governamentais) e a iniciativa privada.
Larissa Oliveira lembrou que a adesão ao Race to Zero trouxe compromissos imediatos, como a atualização do Inventário de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa e do Plano de Energia e Mudanças Climáticas do Estado de Minas Gerais no prazo de 12 meses pós-adesão, com o desenvolvimento de cenários para zerar emissões até 2050. “Deveremos adotar uma meta intermediária de redução das emissões de GEE para 2030, consistente com o caminho para alcançar a neutralidade de carbono em 2050” afirmou.
Ela destacou que o envolvimento da iniciativa privada em Minas Gerais é ambicioso. “Não almejamos uma economia de baixo carbono, mas sim neutra”, afirmou. “A transição energética é essencial para alcançarmos uma economia neutra em carbono até 2050, além disso, garante o equilíbrio para assegurar o desenvolvimento econômico, ambiental e social”, completou.
O aproveitamento energético dos resíduos é um dos meios para trilhar a transição energética, já que reduz as emissões de Gases do Efeito Estufa (GEE) e melhora a qualidade ambiental. Ela destacou o papel da academia no processo, que atua de forma transversal e multidisciplinar, identificando desafios, oportunidades e necessidades.
Participantes
O cônsul do Reino Unido em Belo Horizonte, Lucas Brown, destacou o papel do Reino Unido nas discussões globais, já que o país será sede da COP-26, em novembro, e vem incentivando ações no mundo inteiro, como a própria Race to Zero. “A campanha reúne estados subnacionais, territórios e cidades com o objetivo de gerar alternativas para o desenvolvimento sustentável”, destacou.
Ele lembrou que Minas Gerais iniciou, ainda em 2020, as conversas para adesão ao plano, que culminaram, em junho de 2021, na formalização do pacto. “Minas está na vanguarda da Race to Zero e demonstra estar adiantada para receber investimentos internacionais para o caminho de uma economia verde”, observa.
O diretor técnico do Programa de Energia para o Brasil (em inglês, Brazil Energy Programe (BEP), Gilberto Januzzi, afirmou que o trabalho utiliza a experiência do Reino Unido. O resultado é a busca de resultados sobre como impulsionar um ambiente sustentável e um marco regulatório adequado, além de produzir um mercado de energia competitiva e eficiente. Ele observou que é necessário atrair pessoas de baixa renda.
Já a consultora técnica do Instituto 17, Venice Nakano, destacou o potencial de descarbonização com aproveitamento de resíduos em Minas. Ela lembrou que a Política Nacional de Resíduos Sólidos inclui as etapas de não-geração, seguida pela redução, reutilização, reciclagem, tratamento e, por último, a disposição final adequada.
Para ela, as ações para aproveitamento energético estão inseridas nas etapas de reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos. Venice Nakano afirma que soluções têm que ser observadas de maneira compartilhada. “O aproveitamento de resíduos pode substituir combustíveis fosseis, gerar energia elétrica e térmica, além de reduzir demanda por aterros”, observou.
Minas Gerais foi o primeiro Estado da América Latina a aderir à campanha Race to Zero. O Estado se junta a outros estados subnacionais de diferentes países do mundo que já integram a campanha, como Califórnia, Nova York, Havaí e Washington, nos Estados Unidos; Catalunha, Madrid e Navarra, na Espanha. Há ainda estados da Suécia, Austrália, Reino Unido, Canadá, Alemanha e Bélgica.
O Webinar "Descarbonização em Minas Gerais por meio do aproveitamento energético de resíduos: uma estratégia para a campanha mundial Race to Zero para zerar emissões de carbono" pode ser visto no canal do YouTube do Instituto 17, no link.
Emerson Gomes
Ascom/Sisema