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Fundação Estadual do Meio Ambiente - FEAM

Segundo dia de Seminário traz discussões sobre aplicações da escória de aciaria e questões mercadológicas

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No segundo dia do “Seminário Internacional - aplicação de escória de aciaria”, realizado dentro da Semana Mineira de Redução de Resíduos, as apresentações desta segunda-feira (22), deram início a mais uma série de discussões sobre um dos principais resíduos gerados na atividade siderúrgica. Foram destaques a produção de aço, o mercado e aplicações da escória na agricultura. 

A escória de aciaria é um subproduto da produção do aço e é resultado da agregação de diversos elementos que não interessam estar presentes no aço, mas que podem ser aproveitados em outros usos.  

Na abertura dos trabalhos a gerente de meio ambiente do Instituto Aço Brasil, Lucila Caselato, apresentou um panorama da escória de aciaria no Brasil. Segundo Caselato o parque produtor brasileiro é composto por nove grupos empresariais e 28 usinas em 10 estados brasileiros. A capacidade de produção de aço bruto é de cerca de 42 bilhões de toneladas por ano com um faturamento de R$ 76,9 bilhões em 2009.  

Ela citou também a geração de resíduos em toda a cadeia produtiva, com cerca de 600 kg de resíduos e co-produtos por tonelada de aço produzido. Em 2008, foram gerados 21 milhões de toneladas de resíduos e co-produtos de aço bruto, sendo que a escória representou 60% dos resíduos gerados. “A gestão de resíduos é abordada hoje pelas empresas como uma forma de permitir vantagem competitiva em seus negócios”, disse. Além disso, ela falou das vantagens técnicas, econômicas e ambientais do uso da escória de aciaria como evitar a disposição desse material em aterros, a diminuição da emissão de co2 na atmosfera, a redução do consumo de recursos naturais não renováveis e a própria reciclagem.  

O professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Abdias Magalhães Gomes, apresentou o potencial mercadológico da escória de aciaria.  O professor falou das barreiras enfrentadas pelo setor como a falta de equipamentos e tecnologia, a inviabilidade econômica, patentes depositadas, falta de normalização ambiental, dúvidas sobre a durabilidade e coragem de enfrentar os riscos. “O governo é parte fundamental em alavancar o avanço do uso da escória de aciaria. Precisamos ter a contrapartida governamental no processo”, ressaltou.  

Gomes falou também das perspectivas futuras com o desenvolvimento de novas tecnológicas e parcerias, a mudança de hábitos e rotinas, a valorização e os benefícios gerados. “O futuro é promissor, com uma grande demanda e custos elevados. Temos um grande desafio em criar parceiras para resolver a questão do aproveitamento da escória de aciaria no Brasil”, argumentou.

 O representante da Arcelor Mittal FCE na França, Jean-Marie Delbecq, apresentou a visão internacional da aplicação da escória de aciaria. Ele mostrou alguns usos no Japão, Estados Unidos e Europa, principalmente utilizados como matéria-prima, uso no cimento e durante o processo de moagem. De acordo com Delbecq as vantagens do uso da escória para alimentação em fornos é a redução significativa do volume de gases de exaustor, a permissão de produção de clinker adicional, a economia de combustível e a redução de aucalinidade.  

Ainda de acordo com Jean-Marie Delbecq, na Bélgica, a escória é usada na prática de correção de solos, mas isso só é viável para mercados locais, devido à dificuldade logística. Na França a escória já foi usada como corretivo de solo na agricultura ma hoje não se usa mais devido à lei vigente no país. Na Alemanha esse uso está em desenvolvimento e o mercado tem crescido no país.  

Resíduos da produção de aço são aplicados na agricultura 

A tarde as discussões foram voltadas ao emprego da escória para a agricultura, como fertilizante e corretivo da acidez de solos, que tem se mostrado uma alternativa viável para esse resídio. A eficiência e os riscos do uso deste material em lavouras foram discutidos. 

As escórias de aciaria que, como já visto, são uma das maiores classes de resíduos gerados em usinas siderúrgicas, na produção de aço, em sua composição estão presentes essencialmente o óxido de cálcio, ferro, silício, magnésio, manganês, alumínio, fósforo e enxofre. O pesquisador da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Caetano Marciano de Souza, ressaltou em sua apresentação que este material possui elementos essenciais para atender as demandas das plantas, sendo tecnicamente viável o seu uso como corretivos e fertilizantes.  

Ele destacou a importância da presença do silício na escória de aciaria. “Este elemento é benéfico para a agricultura por conferir à planta uma resistência à seca, às pragas e às doenças, o que resulta em maior produtividade”, destacou. Ele complementou que a maior parte dos solos brasileiros são ácidos e a escória é também eficaz na correção do solo.  

Souza garantiu, ainda, que na escória não há elementos contaminantes em quantidade suficiente para alterar significativamente o solo, não oferecendo riscos ambientais para o solo e para os alimentos cultivados. “O uso de escória de aciaria é também agronomicamente vantajoso devendo ser incentivado já que apresenta vantagens para todos os segmentos envolvidos”, complementou.  

Experiência japonesa 

“O Japão foi o primeiro país a utilizar a escória de aciaria como fonte de silício para a lavoura”, informou o engenheiro metalúrgico, Koichi Endoh, gerente do Departamento de Planejamento da Divisão de Cimento e Escória da empresa japonesa Nippon Steel. Segundo ele, o produto oriundo da escória é utilizado desde 1981 no país. 

De acordo com o palestrante, o fertilizante produzido a partir da escória auxilia no combate a pragas, tem suplemento de minerais, melhora o sabor dos produtos, melhora a acidez do solo e a produtividade.  Koichi Endoh afirmou que no Japão, este tipo de fertilizante já é utilizado na produção de tomate, arroz, morango, cenoura, vegetais, entre outros.

O palestrante também destacou que a legislação japonesa criou critérios para o uso das escórias de aciaria e afirmou que todos os produtos oriundos deste material devem estar certificados. A legislação japonesa também incentiva a compra de produtos ecológicos e, dentre a listagem elaborada pelo governo, oito são produzidos a partir de escória. ‘A principal destinação da escória de aciaria no Japão ainda é a construção civil, apenas uma pequena porcentagem é destinada à produção de fertilizantes”, afirmou Koichi Endoh. 

Semana Mineira de Redução de Resíduos 

A Semana Mineira de Redução de Resíduos acontece em conjunto com a Semana Européia de Redução de Resíduos, de 20 a 28 de novembro. Na programação estão presentes diversas ações como o Seminário Internacional – Aproveitamento da Escória de Aciaria, que termina amanhã (23) entre diversas outras.

Confira toda a programação no site www.minasmenosresiduos.com.br.

Fonte: Ascom/ Sisema
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