A inclusão social dos catadores de matérias recicláveis e o papel desempenhado por eles na sociedade foi o tema abordado na manhã desta sexta-feira (26), no 3º dia do Seminário de Políticas Nacional e Estadual de Resíduos Sólidos. O Seminário faz parte da Semana Mineira de Redução de Resíduos, organizada pela Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam).
A visão do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR) foi apresentada pelo representante do movimento de articulação dos catadores, Luiz Henrique, que falou da contribuição dos catadores na gestão dos resíduos no Brasil. Ele apresentou as condições de trabalho enfrentadas pelos catadores nas diferentes regiões do país e ressaltou o trabalho da associação, principalmente quanto ao resgate da cidadania dos catadores, a interface com a sociedade civil, o estabelecimento de parcerias e o trabalho para minimizar a ausência de políticas públicas nesse setor.
De acordo com o MNCR estima-se a presença de 500 a 800 mil pessoas trabalhando na catação de ruas e lixões no Brasil, sendo responsáveis por 90% dos materiais recicláveis que abastecem as indústrias recicladoras. “Apesar do grande trabalho, somos os que menos lucramos com isso. Essa é a nossa luta, inverter a cadeia produtiva do mercado de materiais recicláveis e enfrentar o problema da negação de direitos enfrentada pelos catadores”, ressaltou.
A diretora financeira e cooperada da Rede Cataunidos, Madalena Duarte, apresentou a visão da cooperativa no processo de valorização dos catadores de materiais recicláveis. Ela ressaltou o papel social, econômico e ambiental representado pelos catadores na atualidade. “Não queremos que a sociedade gere cada vez mais resíduo para o catador, mas queremos sim que a sociedade e os governantes gerem qualidade de vida para todas as pessoas”, frisou.
A Cataunidos é composta por oito associações e uma cooperativa, situadas na região metropolitana de Belo Horizonte, sendo responsável também pela Unidade Industrial de Plástico, que processa todo o plástico coletado pelas associações, além da comercialização de outros tipos de materiais como papel, plástico não processado na unidade e vidro. De acordo com Madalena, a Unidade Industrial é composta por 540 catadores com uma produção média de 850 toneladas de material por mês.
A visão do Centro Mineiro de Referência em Resíduos (CMRR) no processo de inclusão social dos catadores foi apresentada pelo coordenador de Mobilização, José Aparecido Gonçalves. Ele destacou o apoio que o CMRR tem dados aos movimentos de catadores e aos municípios para a implantação da coleta seletiva.
Gonçalves ressaltou o trabalho de capacitação dos trabalhadores em coleta de materiais recicláveis, o incentivo à constituição de redes de parcerias e o processo de construção da identidade coletiva dos catadores como avanços nesse processo. “Minas Gerais é pioneira na coleta seletiva com sustentabilidade e aponta um caminho novo e diferenciado para a gestão dos resíduos, garantindo cada dia mais o reconhecimento dos direitos dos catadores”, argumentou.
A mudança de uma cultura histórica por meio da educação ambiental também foi defendida por ele. “Vivemos um momento de oportunidade de mudança na forma de pensar os padrões de consumo da sociedade, chamando a atenção para a construção de uma sociedade diferente em um país mais saudável para todos nós”, finalizou.
A tarde, o Seminário prosseguirá com apresentações dos instrumentos econômicos e serviços ambientais, com apresentações do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Caixa Econômica Federal (CEF) e uma experiência de Serviços Ambientais da Reciclagem da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
Fonte: Ascom/ Sisema
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